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Crítica do Filme “Vitória e Abdul – O Confidente da Rainha”

Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha (Victoria and Abdul, 2017)
Duração: 1h 51min
Biografia, Drama, História
Diretor: Stephen Frears
Roteirista: Lee Hall
Baseado no livro de Shrabani Basu
Elenco: Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott-Smith, Eddie Izzard

Novamente em parceria, o diretor Stephen Frears e a atriz Judi Dench (Philomena, 2013) chegam aos cinemas nacionais. Desta vez contando a história do relacionamento entre a Rainha Vitória (Dench) e o indiano Abdul Karim (Ali Fazal). Baseado no livro de Shrabani Basu, o filme aborda os últimos meses de vida da rainha e a sua relação com um “súdito”. Abdul foi enviado a Inglaterra para servir a Rainha Vitória durante o Jubileu de Ouro, evento que marcou seu 50º ano no trono britânico, com seu amigo Mohammed Buksh. Inesperadamente, entre ele e Vitória, surge uma amizade.

Convidado para ser acompanhante da rainha, seu professor de hindustani e posteriormente seu “guia espiritual” (Munshi), Karim viveu durante algum tempo na corte. A monarca era uma pessoa solitária desde a morte de seu esposo. Se isolava sempre que podia e demonstrava tédio ao cumprir as formalidades da realeza. O rapaz, um trabalhador comum – carcereiro de uma prisão em seu país -, apesar de humilde detinha o que a rainha precisava naquele momento, conhecimentos diferente dos seus. A relação deles se consolida nessa troca de saberes.

Delicado como os outros dramas de Stephen Frears, é atraente em sua apresentação visual. A ambientação luxuosa do palácio, a riqueza de detalhes do figurino e a beleza das paisagens ressaltadas pela iluminação, proporcionam esse deleite. Inserindo Vitória em espaços e vestes de tons mais escuros, frios e sóbrios e os indianos em cores quentes e saturadas os aspectos duais de liberdade X restrição e felicidade X tristeza são salientados. é como se a chegada do homem à Inglaterra carregasse em si melhorias.

A simpatia de Dench e Fazal, faz com que a ideia de demonstrar a amizade das personagens seja natural. Como sempre, a atriz está confortável em sua interpretação, transitando entre o poder de uma líder e a tranquilidade de uma mulher, que no fim de sua vida encontra cansada de sua rotina. A escolha do diretor em ressaltar olhares, toques e sorrisos, afirmam as posturas em cada momento de troca entre os dois.

As ironias amenizam as posturas discriminatórias, sem tirar sua importância. O toque do humor britânico transforma diálogos cortantes em situações cômicas. Ainda assim o olhar crítico sobre o medo que a corte tinha de lidar com um “ser inferior” existe, na postura dos antagonistas. Eles são dissimulados, espionam as conversas entre as protagonistas e, tramam a expulsão de Abdul do meio, por considerarem ele um indigno de tal posição social.

Em inúmeros momentos existem nas falas julgamentos sobre o colonos ao comentarem sobre suas roupas – estilizadas para serem “mais indianas”, mesmo que isso destoe da realidade -, sobre seus hábitos e qualquer outro aspecto que eles deduzem ser dos não civilizados. Todos os que cercam a rainha a “protegem” do que aquela presença pode provocar. Ela, em contraponto, protege o amigo, dos males que os detentores do poder querem infligir a ele.

“Vitória e Abdul” sabe tratar de uma amizade imprevisível de maneira afável apontando os lados do jogo de poderes da corte britânica do século XIX. Indicado para quem gosta de conhecer mais sobre história.

Nota: 3,5/5

Assista ao trailer:

 

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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