Crítica “Um Lugar Silencioso” – sem spoilers
A trama acompanha uma família do Meio-Oeste que é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.
Quando viver no silêncio total e absoluto é o único meio de sobreviver, o que garante que você conseguiria se manter?
Uma família, para sobreviver á uma ameaça que é ativada pelo som, volta às raízes da condição humana. Para manter a rotina, Emily Blunt e John Krasinski, um casal de pais tentando proteger seus filhos, vivem em uma casa afastada da cidade – ou do que sobrou dela – rodeada por criaturas que detectam a presença pelo som.
A família caminha por trilhas de areia para abafar o som, se comunica através da linguagem de sinais e de luzes e, mantém uma rotina da maneira mais simples possível, caçando e vivendo sem os comodismos da modernidade, pois toda a civilização foi afetada pela presença desses invasores.
A dinâmica familiar é afetada pela nova rotina. A mãe, muito zelosa cuida da casa e das crianças, ensina as lições básicas da escola enquanto o pai as lições para a sobrevivência, como caçar e se manterem atentos e afastados do perigo. Sempre na posição de protetor o pai acaba se atrapalhando nas relações afetivas com os filhos. Por estar sempre alerta, gera uma atmosfera de estresse constante.
Criar crianças em um ambiente silencioso é desafio frustrante para os pais e, também, para as próprias crianças. Atividades simples como jogos de tabuleiros podem se tornar as mais perigosas. A todo momento os pais lidam com os conflitos e as diferentes necessidades dos filhos. Corajosos e determinados, a família ultrapassa as barreiras do medo e da escassez para superar as dificuldades.
O filme ganha a empatia dos espectadores ao mostrar aquela família bem parecida com a sua (ou de um comercial de margarina), mas cai num lugar muito comum de outros filmes de terror, a de criar empatia por meio da fragilidade da mulher. O roteiro é inteligente e bem desenvolvido mas “não há nada de novo sob o Sol”. O filme traz muitas referências de outros do gênero como “Sinais” e “Alien”. Em uma entrevista, um dos produtores, afirma que uma das inspirações de Krasinski foi “Tubarão”, trazendo o suspense ao não explorar a todo o momento a imagem da criatura que traz o horror aos personagens.
Usando e abusando do recurso da trilha sonora, a percepção do espectador é afetada por cada personagem. O som vai envolvendo e induzindo ao clássico elemento dos filmes de terror, o jumpscare, trazendo emoção e impacto a cada sequência. A fotografia de Charlotte Bruus Christensen (A caça), é muito bonita e impacta ao não trazer um cenário óbvio de Apocalipse. O mundo permanece um lugar bonito, com uma natureza provedora.
Com sequências envolventes o filme prende e surpreende até o final, instigando a curiosidade e talvez até uma torcida de quem está assistindo.
*Essa crítica foi escrita pela colaboradora Anna Carolina Perucci
Assista aqui ao trailer:
Continuo impactada com esse filme antes de vê-lo, esse trailer ja me deixou em uma angustia sem fim mas com vontade de ler mais. Essa ideia da trama toda ser silenciosa foi fantástica, da uma emoção surreal á historia e também muito medo kkk pelo menos em mim deu.
A premissa do filme é interessante. Como desenvolver o relacionamento familiar no meio de algo tão improvável, que é a não utilização do som? Não sei porque, mas lembrei de Caixa de Pássaros (livro), claro que o livro trazia uma ameaça do qual os sobreviventes não poderiam ver o lado de fora das casas, diferente deste filme que usa a impossibilidade do som. Acho que essa impotência dos sentidos foi o que me fez associar o livro com este filme (que deve ser bem diferente). Enfim, apesar das comparações, tenho certeza que todos são ótimos enredos.