CinemaCríticas

Crítica “O Rei do Show”

Hugh Jackman O Rei do Show O Rei do Show (The Greatest Showman, 2017)
Duração: 1h45
Direção: Michael Gracey
Roteiro:  Jenny Bicks, Bill Condon
Elenco:
  Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac Efron, Zendaya,  Rebecca Fergusson

Neste musical de estreia do diretor Michael Gracey, com roteiro de Jenny Bicks (produtora e roteirista de séries como “Sex And The City” e “The Big C”) e, Bill Condom (diretor de “Dreamgirls” e roteirista de “Chicago”) a história da ascensão de Phyneas Taylor Barnum (Hugh Jackman), um pobre filho de alfaiate que se transforma no dono do maior circo de Nova Iorque.

A história contada no filme é a realidade do ponto de vista do imaginário que se construiu em cima dessa pessoa. Cansado de ser humilhado, o jovem P. T. Barnum, após um tempo em busca de um emprego que o desse algum retorno financeiro, volta para buscar sua amada Charity (Michelle Williams). Casados, mesmo contra a vontade do pai dela, os dois iniciam uma vida simples, porém feliz. Com o passar dos anos, eles têm duas filhas, um humilde apartamento na área pobre da cidade e dívidas. Como se isso não bastasse, acontece uma crise financeira que o leva a demissão.

Diante dessa situação ele decide aplicar um golpe no banco, usando das escrituras dos barcos de seu ex-patrão, para obter um empréstimo e, com esse, comprar um museu abandonado. Percebendo que aquilo não traria lucros, Barnum decide “povoar” sua empresa de tipos estranhos, já que percebe que é disso que o público gosta, do que é diferente e pode ser feito de chacota.

Para que isso dê certo, o showman encontra pessoas marginalizadas pela sociedade da época: portadores de deficiências, doenças que reflitam em seu físico, aparências “anômalas”, negros, tudo o que seja tido como exótico. A partir da seleção desses componentes para seu espetáculo, a público, atraído pelo que considera bizarro, passa a frequentar seu estabelecimento.

As pessoas vão ao meu show, pelo prazer de serem ludibriadas.

Porém, a sociedade não o enxerga com bons olhos. Para eles, apresentar aquele tipo de show é algo de mau gosto e, mentiroso. Barnum e seu circo, são o que há de pior e, não deve ser considerado um tipo de arte. Mas, qualquer tipo de comentário, até mesmo os ruins são publicidade e, assim o empresário alavanca a sua carreira.

Intercalando diálogos com cenas cantadas, “O Rei do Show” se assemelha a musicais modernos como “Moulin Rouge” e “Chicago”. Colorido, coreografado e com músicas “chiclete”, o filme se assemelha a um longo videoclipe ou a uma turnê de ídolos da música pop com o tema circo.

Os atores parecem confiantes em suas apresentações. Hugh e Efron, já se simpatizam com atuar e cantar ao mesmo tempo, devido a seus trabalhos anteriores (respectivamente “Miseráveis” e “High School Musical”). Michelle Williams solta a voz e faz performances românticas ao lado de seu par. Zendaya “se joga” na personagem Anne Wheeler, a trapezista, que além de cantar, voa pelo picadeiro. O filme tem sequencias musicais elaboradas e ricas, com bailarinos performando ao lado do elenco principal e, também, momentos nos quais apenas os atores e atrizes são os bailarinos. Num das primeiras cenas de dança Hugh e Michelle performam em cima dos telhados, em meio aos lençóis, como em “Amor, Sublime Amor” e “Mary Poppins”, clássicos musicais, com sequencias de danças nos telhados.

No fim, o filme diz ser sobre aceitação dos que são diferentes pela sociedade. É a ascensão dos que não são respeitados por não serem o padrão. E, é também sobre não perder seus valores éticos, devido a necessidade de se enquadrar. O que pode nos levar a decadência  é o fato de esquecermos que uma origem humilde não nos torna inferior. Ser respeitado não é o mesmo que ter posses e, ter posses não é garantia de bondade.

Considerando isso, o filme é contraditório, pois a personagem principal é um egoísta que usa das pessoas de maneira descartável. Por mais que soe que ele está ajudando as pessoas, sempre percebemos que o que interessa a ele é o sucesso e o poder. Ele acaba reforçando os comportamento daqueles que o repudiam, ao manipular os sentimentos da esposa e dos funcionários/sócio. O tal respeito inexiste e, infelizmente a aura bonita do musical esconde isso em várias cenas que ele é entendido e perdoado pelos outros. No fim, Barnum é como intitulam ele durante o filme inteiro, um embuste.

Bom para cantar e dançar, péssimo como exemplo.

Nota: 3/5

Assista aqui o trailer:

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.