Crítica “Maria Madalena”
Maria Madalena (Mary Magdalene, 2018)
Diretor: Garth Davis
Roteiristas: Helen Edmundson, Philippa Goslett
Elenco: Rooney Mara, Joaquin Phoenix, Chiwetel Ejiofor
Não é apenas grande desafio ou ato de coragem, mas um verdadeiro tiro no escuro para o cineasta, ator e artista , em geral, tratar sobre personagens bíblicos. Você pisa em terreno difícil e, lida com muitas pessoas importantes que certamente tem conhecimentos profundos sobre o tema. Outra dificuldade é a de pensar que tudo que se sabe sobre Jesus e sua vida pode ser modificado com novas descobertas históricas. A bíblia também é um registro histórico importante, mas alguns homens a utilizam como arma, desvirtuando seu propósito.
Maria Madalena é o personagem bíblico mais comentado nos últimos tempos, principalmente, por dois motivos: por ser mulher e por seu papel na vida de Jesus. O primeiro motivo denuncia o quanto nossa sociedade é capaz de separar na balança da igualdade o homem e a mulher. É uma insistência histórica (atualmente mais velada), limitar o poder que a mulher pode exercer na sociedade. O segundo motivo gira em torno de divergências de entendimentos dos especialistas das religiões. Com tudo isso, o homem ainda possui necessidade de determinar fronteiras religiosas e provocar ódio. Alias, em nome de religiões e deuses, mata-se desde que o homem é homem.
O que realmente sempre me encanta em filmes de personagens bíblicos é: como tratar com fidelidade alguém tão importante? Será que alguém acertou na maneira como Jesus, Maria, apóstolos e Maria Madalena foram retratados? São perguntas sem respostas.
O que é apresentado no filme “Maria Madalena” é corajoso e otimista. Certamente teremos criticas pesadas pois qualquer coisa que se fale sobre o assunto causa polêmica. O filme é corajoso em colocar Madalena como a pessoa próxima a Jesus, que entendia suas intenções e lições antes dos outros apóstolos. Ela entendia primeiro pelo fato de ser sensível, de ter um olhar humano e questionador, da mesma forma que diziam que Jesus fazia. O grupo de homens que acompanhava o Messias estava decidido a desconstruir a ordem social em prol de um novo reino. Mas, o reino que Jesus tentava ensinar era diferente do que eles pensavam e, Maria foi a primeira a perceber isso. Talvez por isso ela tenha sido a primeira a vê-lo após a sua morte.
O diretor Garth Davis conseguiu fazer um filme leve . Fez questão de desconstruir o estereótipo da prostituta que permeava a história de Maria Madalena. Para quem não sabe, há muito tempo um Papa disse isso e, somente a poucos anos sua declaração foi negada pela Igreja Católica. Ela não era prostituta. No filme, Maria Madalena é sensibilíssima e questionadora. A escolha de Jesus em coloca-la em algumas situações, a frente dos outros apóstolos não chega perto de nada amoroso ou sexual. Elas acontecem pelo fato dela perceber primeiro seus propósitos. Naturalmente isso causou conflitos e ciúmes que perduram até hoje. Muitas mentiras foram ditas sobre ela e o grande mérito de “Maria Madalena” é mostrar que não é fácil entender a mensagem de Jesus, por isso todos devemos ter mais cuidado com julgamentos.
Nota: 3,9/5
Assista aqui o trailer’:
Curiosa demais por esse filme, essa crítica me esclareceu algumas coisas sobre a a história e quero muito vê-la logo. Acho que os diretores exploraram muito bem a ideia principal que era o entendimento e a fé que maria madalena tinha mesmo sendo alvo de desconfianças e do machismo.
É interessante essa perspectiva de dar a importância a Maria Madalena em tempos onde se discute cada vez mais o papel da mulher na sociedade. O assunto pode ser singelo mais que causa certo desconforto justamente por ir além do que era até então apresentado. Acho que o positivo neste filme é isso, dar uma maior visão a um personagem histórico como Maria Madalena.