Indiana Jones e a Relíquia do Destino | Crítica
Me lembro da sensação agridoce que senti em 2008, ao terminar de assistir “O Reino da Caveira de Cristal“. Mesmo não tendo idade para ter visto os filmes originais em seu lançamento, a trilogia fez parte da minha vida desde cedo. Embora me falta-se à época o referencial cinematográfico para fazer uma avaliação profunda, parecia uma despedida aquém do legado do personagem.
Felizmente, com “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” temos não apenas uma ótima aventura, mas uma despedida leve e honrosa para um ícone do cinema. Na trama do novo filme, Indiana Jones (Harrison Ford) encarna o tropo do herói deslocado no tempo.
Um última aventura
Décadas depois de seus anos de aventura, o professor vive em um apartamento minúsculo, brigando com seus vizinhos mais jovens e lamentando sua forçada aposentadoria. Com o casamento em vias de terminar por um divórcio e em um mundo que olha para o futuro com entusiasmo após a missão Apollo, fica nítido como o passado parece ter perdido o brilho.
É aí que após uma visita de sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge) o cansado Indiana precisa tirar a poeira de seus chapéu e chicote e enfrentar os nazistas uma última vez, antes que eles revertam sua derrtota na Segunda Guerra. O que há de novo está aqui, o resto é boa utilização dos clichês da franquia. A direção de James Mangold (Logan) se mostra afiada ao entender o tom de aventura sombria da série, sem nunca perder o carisma. Acima de tudo quando se trata da quimica e do peso do elenco em cena. Seja a dupla protagonista (ou melhor, trio) ou a atuação sempre ótima de Mads Mikkelsen como o vilão da vez.
É arriscado dizer que este filme trás a melhor construção de arco de personagens da franquia, dando contornos mais humanos para muitos dos dilemas em tela. Além disso, ainda que mantenha o tom místico e absurdo da aventura fantástica, o filme dá passos afastando de caricaturas típicas dos outros filmes. Até mesmo há um pequeno espaço a questões do mundo real, como o aproveitamento de nazistas pelo governo americano.
Efeitos e imersão
Embora não sejam os efeitos algo capaz de destruir uma boa história, trata-se de um assunto em destaque atualmente. Faz diferença o trabalho da Lucasfilm e da Industrial Light and Magic no atual contextop do cinema. Aqui, temos a nítida impressão que os efeitos não surgem à tela para ser o grande destaque, mas para servir à história.
Ainda assim, algo assusta. Há toda uma sequência com Ford rejuvenescido que por sí só valeria o ingresso no cinema. Trechos dela podem ser vistyas nos trailers e assusta como isso mostra o que pode ser feito no futuro. Se ao menos o cinema seguir divertido e carregado de alma como se vê aqui, será um recurso que valerá à pena.