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Crítica “Hereditário”

Hereditário (Hereditary), 2018

Direção: Ari Aster
Roteiro: Ari Aster
Elenco: Toni Collette, Gabriel Byrne, Alex Wolff, Milly Shapiro e Ann Dowd

“Hereditário” (Hereditary, 2018) não é um filme de terror comum e irá dividir as opiniões dos espectadores por não se tratar de um clichê do gênero, normalmente voltado ao jump-scare.  Mistérios sobre o passado da recém-falecida avó vão sendo revelados e refletidos na vida da família Graham, especialmente no comportamento da adolescente Charlie (Milly Shapiro) com quem a avó tinha uma ligação incomum.

A família começa a passar por situações inesperadas que os fazem lutar para sair daquele momento de horror. Recomendo que o público não crie a expectativa de que ele é o melhor filme de terror deste ano de 2018. Alguns críticos compararam-no ao filme “O Exorcista” (The Exorcist, 1973) devido ao teor de terror psicológico. Trata-se de um filme incomum, se for comparado com a maioria dos títulos lançados na atualidade, o que faz com que não agrade a muitos por não ser o que esperavam.

A história é desenvolvida em um ambiente sem muita agitação, mas bastante tenso, com cenas que nos pegam de surpresa ao ponto de travar cada músculo do corpo. Enquanto acompanhamos a história da família Graham – o que aponto como um dos pontos mais fortes do filme -, não recebemos as respostas tão facilmente. O longa-metragem nos faz sair do cinema sem realmente entender o que se passou, podendo desagradar alguns espectadores. Mas isso não é sinal de incompletude e sim de manter o clima de incerteza e proporcionar ao espectador o quê as personagens vivem. Em muitos momentos, me lembrei dos sentimento que permeia “O Bebê de Rosemary” (Rosemary’s Baby, 1968), por ter um ritmo mais lento que permite a formação de ansiedade no telespectador.

Os personagens são bem construídos, tendo cada um apelo diferente, destaque para a filha que tem comportamentos um tanto quanto incomuns. Ao desenvolver da trama adentramos na história e entendendo mais e mais os personagens e suas funções. Com isso, podemos sentir a confusão, angústia e terror passados por eles. É de doer o estômago.

A filha transmite a sensação de autonomia e, aparentemente, de ser o foco da trama, enquanto a mãe (Toni Collette) transparece certo desespero e desorientação sobre tudo o que está se passando com a família. O filho (Alex Wolff), a maioria das vezes, parece ser deixado de lado, mesmo sofrendo o luto como os outros familiares. Esse comportamento vai mudando conforme a história se desenvolve. O pai é o personagem com menos lugar na trama, para não dizer insignificância, talvez por ser o mais “sensato” da família.

“Hereditário” é um filme que nos faz “franzir a testa” muitas vezes ao tentarmos entender o que está acontecendo. Ele nos surpreende nos momentos que menos esperamos mesmo sem – quase – nenhum jump-scare. O diretor se perde um pouco no final, deixando a sensação de confusão maior que o necessário, fazendo as chances de desagradar o público se tornar maior. Por ser um filme diferenciado do gênero terror, “Hereditário” se destaca por seu enredo incomum, surpreendendo de maneira positiva ou negativa.

O público, não habituado a filmes de desenvolvimento mais lento, precisa ter paciência e se permitir viver as sensações do que aquela família passa.

 

Bruna Dutra, estudante de psicologia apaixonada por artes, especialmente Cinema. Considerada estranha desde criança por sua fixação por filmes de terror e serial killers, nunca deixou essa definição afetar suas apreciações. Músicas dos anos 80 é o seu segundo nome e uma boa refeição (especialmente churrasco e x bacon) é o seu ponto fraco.

3 comentários sobre “Crítica “Hereditário”

  • Para mim o trabalho do elenco é muito bom. Meu preferido de tudos é o papel que realizo Bill Skarsgard em a It é uma das suas melhores atuações, a forma em que vão metendo os personagens e contando suas historias é única.It a coisa filme É um dos melhores de terror, tem uma ótima adaptação do livro, atuações maravilhosas e efeitos especiais que dão medo, algo que eu amei foi como eles redesenharam Pennywise.

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    • Vanessa, certamente It é um dos melhores filmes atuais de terror. Bill Skarsgard era um ator que a gente não dava muita coisa e nos surpeedeu demais interpretando Pennywise! Na maioria das cenas o diretor foi muito fiel ao livro e pra quem leu, isso é sensacional. O visual do Pennywise tá mais macabro mas mesmo assim não perdeu aquele ar irônico do personagem.

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