[Crítica] Filme: “A Odisseia dos Tontos”
A Odisseia dos Tontos (La Odisea de los Giles. Argentina, Espanha. 2019)
Direção: Sebastián Borensztein
Roteiro:Sebastián Borensztein, Eduardo Sacheri
Elenco: Ricardo Darín, Luis Brandoni, Chino Darín, Verónica Llinás, Daniel Aráoz, Carlos Belloso, Rita Cortese, Andrés Parra, Marco Antonio Caponi,
Distribuidor: Warner Bros. Pictures
Sinopse: Em uma cidade distante na província de Buenos Aires, durante a crise econômica, um grupo de moradores decide reunir a quantia de dinheiro necessária para comprar alguns silos abandonados em uma propriedade agroindustrial. Mas, mesmo antes de poderem executar o projeto, um golpe faz com que eles atinjam o fundo do poço e reajam diante da injustiça.
A Argentina está aqui do lado, mas as vezes somos tão distantes dela como se estivéssemos em continentes distantes. E na realidade somos mais próximos do que imaginamos. No ano de 2001 esse país passou por uma das suas maiores crises e curiosamente o governo prendeu o dinheiro do povo que estava no banco, limitando sua retirada. Isso já aconteceu no Brasil, pior ou não tão pior, em certa medida. Mas aconteceu. E assim, começa a história de um grupo de colegas já denominados como ‘tontos’, para que você imagine que auto piedade aqui é clichê.
O fato é que esses amigos honestos ficaram impedidos de realizar o sonho de uma construir uma cooperativa pois o dinheiro estava parado. Mas o destino mostrou que as coisas não eram como parecia e o conhecimento de fato tem um poder enorme.
“A Odisseia dos Tontos” não se preocupa nem com as grandes interpretações tampouco em se afirmar como grande comédia popular, como fazem seus hermanos brasileiros. Não é realista e nem cheio de simbolismos e metáforas como o excelente “Um Conto Chinês” também estrelado por Ricardo Darin.
O que de fato esse filme é infelizmente muitos brasileiros não conseguirão perceber: é um retrato leve da capacidade dos argentinos em dar a volta por cima naquele momento de crise violenta. Isso aconteceu na vida real em todos os setores, inclusive no cinema. Esse povo se reinventou, muitos assumiram os negócios que patrões abandonaram. Esse é o verdadeiro retrato de A Odisseia dos Tontos. Personagens bobos em acreditar em um sonho aparentemente idealista demais. Porém, fortes o suficiente para dar uma lição em quem os enganou.
O grupo de amigos liderados por Ricardo Darin possui cada um suas características cativantes. Assim, os temperamentos um a um se fundem em um retrato longe de realismo e mais próximo da ternura. A Odisseia é um filme que poderia facilmente ganhar prêmios, se a Crítica não se valorizasse quase exclusivamente a purpurina das atuações cheias ego. Como bem disse o último herói de Almodóvar em Dor e Glória: o difícil para um ator não é chorar, mas sim conseguir controlar e não chorar..
É importante dar uma oportunidade a esse cinema argentino simples e despretensioso. Leve e engraçado.
Nota: 4,7 de 5
