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[Crítica] “Doutor Sono”

Crítica escrita por Marcello Ananias

Doutor Sono”, dirigido por Mike Flanagan como adaptação do livro homônimo escrito por Stephen King, é a sequência do clássico e controverso “O Iluminado” (The Shinning, 1980). Nele acompanhamos o desenrolar dos eventos posteriores ao Overlook e as marcas por ele deixadas em nosso protagonista, Danny Torrence.

“Doutor Sono” é um filme que não somente se compromete com a adaptação de Stanley Kubrick, mais conhecido pelo público em geral, como também acompanha a ideia apresentada pelo livro. Seguindo uma identidade visual marcante, apresenta uma direção de fotografia caracteristicamente simétrica nas horas que convém, como também faz valer de uma trilha sonora carregada de tensão e suspense para acentuar e situar o ambiente de formas corretas. Com seus próprios ritmos, personagens e construções, mas sempre revivendo e homenageando a obra de Kubrick, como referência inegável.

Em meio a uma onda de remakes e revives, “Doutor Sono” se apropria de uma narrativa bem particular que pode decepcionar aqueles que vão aos cinemas esperando uma construção de terror psicológica tal qual seu predecessor. O filme se atém sim aos elementos de terror, provoca por vezes a tensão e mesmo a agonia, porém este não se mantém de forma constante e crescente ao logo das aproximadas duas horas de filmes. Principalmente ao se tratar do desenvolvimento em tela de alguns personagens que acabam por serem sucateados, vide o potencial dos antagonistas da estória que apesar de complexos e interessantes, pecam ao não entregarem o carisma esperado.

Carregado de expectativas que o atravessam de direções diversas, o longa se agarra a um ambiente muito mais metafórico e surrealista para falar dos traumas vividos e revividos pelo protagonista, bem como para tomar liberdade de entrar e explorar mais a fundo o universo espiritual por trás de indivíduos iluminados, assim como o Danny. E o faz bem. A obra flui, causa medo, constrói seu próprio ambiente e prende o expectador até a finalização de seu terceiro ato através de reencontros: hora com a obra original, hora do protagonista revivendo e ressignificando seus próprios traumas e desencontros.

É um bom filme, muito seguro de si e do que tem bastante a oferecer tanto aos fãs do Kubrick quanto aos do Stephen King. Doutor Sono, a continuação de “O Iluminado”, chega aos cinemas brasileiros no dia 7 de novembro.

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