Crítica do Filme “Inseparáveis”
Um rico empresário se tornou tetraplégico devido a um acidente e está procurando por um novo assistente terapêutico. Apesar de conhecer pessoas muito qualificadas, ele decide contratar o assistente de seu jardineiro, ainda que as pessoas mais próximas a ele desaprovem sua escolha. Incrivelmente, uma amizade entre os dois começa a brotar.
O diretor argentino Marcos Canevale, adaptou e dirigiu, no ano de 2016, o drama “Inseparáveis” (Inseparables, Argentina), remake do filme francês, “Intocáveis” (Intouchables, 2011), que conta a história de um aristocrata Argentino, paraplégico, que contrata seu jardineiro como auxiliar pessoal, e desse encontro de pessoas distintas, surge uma grande amizade. Os filmes são baseados na história real de Phillipe Pozo di Borgo e Abdel Sellou.
Assim como no original francês, o filme nos narra como iniciou a amizade entre um rico homem e um jovem marginal. Filipe (Oscar Martinez, de “O Cidadão Ilustre”, 2016 ) é tetraplégico, e precisa de um auxiliar pessoal, que o acompanhe nas atividades mais simples do dia-a-dia, como banho, alimentação e deslocamento. Tito (Rodrigo De la Serna, de “Diários de Motocicleta”, 2004), após algum tempo morando fora, volta a Buenos Aires e encontra um emprego de jardineiro, na mansão de Filipe. Por acaso, enquanto entrevista candidatos ao cargo de assistente, Filipe observa uma discussão entre Tito e o outro jardineiro e percebe algo que o fascina na postura daquele rapaz. Após isso, os dois têm seu primeiro encontro e Filipe decide que quer Tito trabalhando ao seu lado. Desse ponto em diante, temos o que o filme nos traz de melhor, a dinâmica entre a dupla de atores, dá tom e veracidade a comédia e ao drama da obra.
Por ter visto diversas vezes “Intocáveis”, foi difícil não os comparar, e diante da maleabilidade de Rodrigo De la Serna para compor os trejeitos do malandro e ingênuo Tito eu me rendi a diversão apresentada. Mesmo soando em algumas falas caricato, não há o que reclamar do que nos é dado pelo ator em cena. É impossível não rir de sua postura, suas falas, acessos de raiva ou piadinhas. Oscar Martinez compõe Filipe com uma pitada de solidão e medo, que nos faz ter vontade de entrar em cena e o abraçar. As atrizes Alejandra Fletchner (Ivonne) e Carla Peterson (Verônica) se unem aos atores, interpretando funcionárias de confiança do ricaço.
O diretor adapta o filme as realidades da vida argentina, e em alguns momentos altera a maneira como as cenas se dão, dentro desse contexto. Temos então uma adequação dos fatos, para atender ao público latino-americano, especificamente argentino, porém a história em si, não tem seus significados e propósitos alterados. O filme é indicado para pessoas que gostem de dramas leves, com uma pitada de comédia, para aqueles que gostaram do original francês e para quem quer um entretenimento em família ou amigos.
Que as amizades sejam duradouras e honestas quanto a de Filipe e Tito.
Nota: 3/5