Crítica do Filme “Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir”
Human Flow: Não Existe Lar se Não Há Para Onde Ir (Human Flow, 2017)
Direção: Ai Weiwei
Duração: | DocumentárioAo longo de um ano, o diretor Ai Weiwei acompanhou crises de refugiados em 23 países, incluindo França, Grécia, Alemanha, Iraque, Afeganistão, México, Turquia, Bangladesh e Quênia. Ele retrata as causas que levam milhões de pessoas a abandonarem seus países de origem, como a guerra, a miséria e a perseguição política, refletindo sobre as dificuldades encontradas na busca por uma vida melhor.
“Human Flow: Não Existe Lar se Não Há Para Onde Ir” é uma jornada “épica” da maior migração humana seja por motivos de guerra, para escapar da fome ou mudanças climáticas desde a segunda guerra mundial. Conduzida com maestria pelo diretor e artista plástico chinês Ai Weiwei o documentário aborda tanto a crise dos refugiados quanto o seu impacto humano. A fotografia e a edição de imagens são belíssimas, sempre nos direcionado ao isolamento e ao confinamento dos refugiados em seus campos ou agrupamentos. A trilha sonora é quase imperceptível, pois o tempo todo o diretor enfoca no som ambiente.
Filmado ao longo de um ano (2015–2016) cheio de acontecimentos, em 23 países, o documentário segue uma cadeia de histórias humanas que se estende por todo o mundo em países como o Afeganistão, Bangladesh, França, Grécia, Alemanha, Iraque, Israel, Itália, Quênia, México. O documentário é basicamente narrado pelos refugiados e pessoas/entidades que trabalham direta ou indiretamente com eles. Weiwei é extremamente sensível e respeitoso com seus personagens mantendo assim a naturalidade de seus relatos.
Ao longo do filme a busca desesperada por segurança, abrigo e justiça são narrados em campos de refugiados repletos, bem como em perigosos cruzamentos oceânicos ou ainda em fronteiras repletas de arame farpado. Weiwei capta em sua essência a desolação de seus personagens, bem como a resistência e adaptação e também os assombros de vidas deixadas para trás para um potencial desconhecido do futuro.
O fluxo humano, abordado no documentário, vem em um momento crucial em que a tolerância e a compaixão são mais necessárias do que nunca. Esta obra cinematográfica é um testemunho do inabalável espírito humano e coloca uma das questões que definirá este século: a nossa sociedade global emergirá do medo, do isolamento e do interesse próprio ou escolherá um caminho de abertura, liberdade e respeito para a humanidade.
“Human Flow: Não Existe Lar se Não Há Para Onde Ir” é um documentário reflexivo que lhe deixará inquieto ao sair da sala de cinema.
Nota: 5/5
Veja aqui o trailer:
Tatiane Barroso: Jornalista de formação Cinéfila por vocação. Gosto de gente, bicho e planta, não necessariamente nesse ordem. Alucinada pela cultura Japonesa. Acredita que não existam filmes ruins, mas sim dias ruins para assistir determinados filmes.