Crítica do Filme “Bingo: O Rei das Manhãs”
A alegria das manhãs da criançada era feita com simplicidade nos anos 1980. Garotas jovens pulando com entusiasmo nos palcos guiando a meninada nas brincadeiras, gincanas, muita música. Mas o máximo das atrações, ainda era um palhaço, que em companhia de seus colegas de palco criavam hilárias confusões, divertindo assim os espectadores da TV aberta. Bingo: O Rei das Manhãs (Brasil, 2017) relata a história do palhaço Bingo (Vladimir Brichta) percorrendo sua trajetória de artista de circo a apresentador de sucesso na TV.
O drama da personagem se consolida pelo fato de que ele, por meio de uma cláusula contratual, não pode revelar sua identidade. O peso que isso tem no homem por trás da maquiagem, provoca uma série de conflitos pessoais, que o levam a busca do reconhecimento de sua arte, para além da imagem transmitida de seu simulacro. Baseado na história real de Arlindo Barreto, que interpretou o palhaço Bozo na TV, o filme insere o espectador nos bastidores de uma das maiores emissoras de TV do país, e problematiza as questões do que é necessário a um interprete, abrir mão para conseguir o sucesso. Esse sucesso tem preço? Ao observarmos os relatos de Arlindo na revista Piauí, percebemos que sim e, o filme consegue transmitir com clareza esse conflito.
Além dos aspectos pessoais que atormentavam a figura do palhaço, temos também uma representação fiel da atmosfera dos anos 1980, com figurino, trilha sonora e diálogos. Emocionante poder reviver minha infância ao ouvir algumas música e visualizar trechos de propagandas/comerciais que eram comuns ao meu cotidiano. Daniel Rezende (diretor) transmitiu com qualidade as situações vividas, emocionando na medida certa quem assistiu o filme e pode rememorar as sensações e entender os boatos que corriam sobre os problemas enfrentados pelo artista.
Recomendado para todos os que se interessam por um bom drama nacional. Mais uma prova de que o nosso cinema a cada dia cresce e se qualifica mais.
Nota: 4/5