Crítica | As Panteras

As Panteras (Charlie’s Angels , 2019)
Direção: Elizabeth Banks
Roteiro: Elizabeth Banks
Elenco: Kristen Stewart, Naomi Scott, Ella Balinska, Djimon Honsou, Patrick Stewart, Sam Claflin, Jonathan Tucker, Noah Centineo, Nat Faxon, Chris Pang, Luis Gerard Méndez
Trilha Sonora: Brian Tyler
Fotografia: Bill Pope
Montagem: Alan Baumgarten, Mary Jo Markey

Crítica escrita por Marcello Ananias

Charlie’s Angels, distribuídos em terras brasileiras sob o título de “As Panteras”, dirigido e roteirizado por Elizabeth Banks, que também atua como Bosley, traz Kristen Stewart, Ella Balinska e Naomi Scott como o novo trio de protagonista dessa franquia. As agentes voltam aos cinemas quase vinte anos depois da adaptação de McG da série de televisão originalmente exibida na década de 70.

Entre uma continuação e uma reinvenção, o enredo do longa acompanha a transição da jovem cientista Elena (Namoni Scott) para dentro do universo empoderado e fantástico d’As Panteras, na tentativa de impedir que a tecnologia fruto de seus esforços e trabalho caia em mãos erradas e a transformem em uma arma de grandes escalas.

A trama traz à luz da reflexão de forma perspicaz e eficaz os diversos papéis da mulher na sociedade. Partindo de uma perspectiva descentralizada em vários níveis, a então mais que bem-sucedida iniciativa de Charlie Townsend agora apresenta escalas de uma grande organização mundial. Se antes as Panteras eram “como diamantes, e você não as produzia, mas precisava encontrá-las”, aqui essa máxima um dia dita por Kelly Garrett não só caiu em desuso, como seu revés entra em vigor. O que pode gerar uma sutil perda da sensação de unidade alcançada pelas estruturas mais fechadas das equipes até então conhecidas pelo público. Integralidade essa que é revisitada no decorrer dos atos, ao passo em que as próprias personagens fortalecem esse laço entre si.

Essa descentralização também é marcada pela trilha sonora, apresentando músicas de diversos nomes femininos de peso do cenário atual da música mundial, vide a faixa da cantora Anitta inclusa.

A adição de armas de fogo, além de provavelmente não ter sido do feitio da consagrada Drew Barrymore, nos gera apreensão através da maior vulnerabilidade aqui trabalhada. Bem como as cenas de ação que apesar de bem coreografadas, são marcadas por grande movimentação e cortes de câmera, como visto nos principais blockbusters de ação da última década. Marcando sua nova proposta e diferença das adaptações anteriores para o cinema, que contavam com cenas de luta coreografadas por Cheung-Yan Yuen em planos sequência ligeiramente mais extensos e estáveis, apesar de surrealistas.

O filme se faz valer de uma sorte de novos elementos, tecnologias e funções, bem como de uma forte presença de alívio cômico, do qual principalmente Kristen Stewart (como Sabina) consegue oferecer até demais.

Com bom ritmo, atuações que entregam o que prometem, grandes referências e homenagens à franquia; o filme entrega dois bons primeiros atos, e apesar de um terceiro já cansado consegue um encerramento sem deixar grandes furos. Vide como se faz valer de descentralização ao seu favor transformado o que poderia ser um ponto fraco em reforços. “As Panteras” estreiam nos cinemas nacionais dia 14 de novembro de 2019.

Assista aqui ao trailer: