Crítica | A Musa de Bonnard
Um pintor super imersivo e louco pelo seu trabalho. Uma mulher pobre, jovem e curiosa com o mundo, com fome de dinheiro para uma vida melhor a si e seus próximos.
Os dois se encontram, na proposta dele em pinta-la nua por dinheiro. Alí mesmo a conexão que se inicia pela pintura vai para o sexo e a vida a dois. Sem perda de tempo, afinal a vida passa rápido. E ainda bem que decidiram assim.
O tempo passa e o pintor ganha reconhecimento com seu trabalho. Muitos não entendem sua relação com aquela mulher simples, ignorante aos olhos de alguns eruditos da época.
Ela possui o dom de criar vida para o viver daquele artista. E sabe disso, o que significa para alem do bom senso talvez um pouco de sabedoria. E vive o que a vida lhe oferece naquele momento. E nessa simplicidade preenche a alma do pintor que cria cada vez mais pinturas belíssimas, imprimindo magia na realidade que vive com sua musa, fonte de inspiração.
Este é o ponto forte deste filme com a difícil missão de contar a vida do importante pintor francês Pierre Bonnard (1867-1947) e sua relação com a esposa e musa inspiradora Marthede Méligny. Ele pode ser considerado um dos precursores da arte moderna e da pintura abstrata.
Atualmente os filmes biográficos se enveredam entre dois extremos: ou são pretensos documentários que mesclam cenas que beiram na ficção ou são quase assumidos filmes de ficção que usam dados reais para defender seus pontos de vista.
“A Musa de Bonnard” se afasta de ambos estilos e assume a fantasia tal como o pintor fazia com suas pinturas. Pierre não retratava em suas telas a realidade mas sim a sua visão daquela realidade com muita sensibilidade. E como na literatura, cabe a nós entendermos dentro de nossas mentes aquilo que se vê, criar sentimentos para aquelas imagens. O filme consegue com bastante êxito demonstrar a força que sua musa Marthe tem não só em sua vida pessoal, mas daqueles ao seu redor como família e amigos. Uma mulher extremamente pragmática que nutre amor pelo simples, o que é exatamente a essência do trabalho de Pierre. Assim esta união é verdadeiro bilhete de loteria, embora outros relatos fora do filme mencionem partes ocultas dessas relação. O que o filme até tenta trazer com acerto.
Embora a história em si possa ser considerada muito simplista – o que soa redundante – o fato é que a escolha é acertada e conseguimos desfrutar de um aspecto lúdico de uma história real, da vida de pessoas incríveis que se encontraram desfrutaram uma vida primorosa e deixaram um senhor legado.
Avaliação: 3 de 5
A Musa de Bonnard
Titulo Original: Bonnard, Pierre et Marthe
6 de junho de 2024 | 2h02min | Biopic, Histórico, Romance
Direção e roteiro: Martin Provost
Elenco: Cécile de France, Vincent Macaigne, Stacy Martin, Anouk Grinberg, André Marcon, Grégoire Leprince-Ringuest
Distribuição: California Filmes