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Coringa: Delírio a Dois | Crítica

Um problema recorrente no cinema é a tentativa de humanizar vilões tradicionais de diversas mídias, muitas vezes resultando em falhas narrativas. Isso nos leva a continuação de Coringa (2019), que tentou abordar de maneira desajeitada a questão do acesso a tratamento de saúde mental e suas possíveis consequências fatais. Agora, em 2024, após várias especulações e pistas falsas espalhadas pela imprensa e redes sociais, finalmente temos Coringa: Delírio a Dois.

Como acontece com muitas sequências, onde a premissa é “maior e melhor”, este filme acerta em aumentar a escala em algumas situações. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre a qualidade: o “melhor” ficou devendo. Na verdade, poucos aspectos desse filme realmente funcionam.

A história começa com Arthur Fleck (interpretado novamente por Joaquin Phoenix) preso no famoso Asilo Arkham, uma instituição de segurança máxima, aguardando julgamento pelos crimes cometidos. O mais notório deles foi o assassinato público do apresentador Murray Franklin (Robert De Niro). Agora, Arthur se tornou uma espécie de celebridade, e o impacto de seus atos repercute em nível nacional. O diretor enfatiza isso através de reportagens ao longo do filme, com comentaristas cujas opiniões muitas vezes são enviesadas.

No ambiente hostil de Arkham, a vida de Arthur é um desafio constante; ele sequer consegue arrancar risadas dos carcereiros com suas piadas. A trama sofre uma virada quando ele conhece Lee Quinzel (Lady Gaga), que está em outra ala do asilo, mas acaba cruzando seu caminho. A química entre os dois personagens surge instantaneamente, e a mente de Arthur começa a criar novos devaneios. Nessa fase, o filme mergulha em longos números musicais, que vão de clássicos do pop, como Carpenters e Stevie Wonder, até homenagens à era de ouro de Hollywood.

Esse excesso me trouxe à mente a mesma sensação que tive ao assistir La La Land: Cantando Estações (2016), um filme que parecia se estender indefinidamente. E, de maneira semelhante, Coringa: Delírio a Dois tenta fazer referência a Um Estranho no Ninho (1975), de Milos Forman, sem grande êxito.

À medida que os personagens se conectam, o julgamento finalmente acontece. No entanto, tudo que Coringa: Delírio a Dois tenta realizar parece ser feito de maneira apática. Não é um musical completo, tampouco um clássico filme de tribunal; o longa se apresenta como uma colcha de retalhos, cheia de sequências desnecessárias e culminando em um final decepcionante.

Apesar de suas falhas, o filme possui méritos, principalmente no trabalho de direção de arte e fotografia, ambos impecáveis.

No fim, o filme pode agradar aos fãs de Lady Gaga, que costumam apreciar qualquer projeto em que ela se envolva. Contudo, Coringa: Delírio a Dois será um tema de discussão apenas por algumas semanas, antes de ser rapidamente esquecido.

Coringa: Delírio a Dois

Titulo Original: Joker: Folie à Deux (2024)

Direção: Todd Phillips 

Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Brendan Gleeson, Harry Lawten e Catherine Keener

Roteiro: Scott Silver e Todd Phillips 

Cinematografia: Lawrence Sher

Distribuição: Warner

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