Clube dos Vândalos | Crítica

Esqueça tudo que você aprendeu sobre a comunidade de motociclismo assistindo Filhos da Anarquia (2008) e Sem Destino (1969), pois Clube dos Vândalos vai mais alem. É um filme sobre ascensão e que queda não só de um grupo, mas também de seus indivíduos e comunidade.
Ambientado entre 1965 e 1973, o filme acompanha uma agremiação de motociclistas do Centro-Oeste norte americano conhecido como Clube dos Vândalos. O grupo foi iniciado pelo pai de família e caminhoneiro Johnny (Tom Hardy), que teve a ideia após assistir ao filme O Selvagem (1953) com Marlon Brando, na TV. Quem não gostaria de ser o anti-herói durão, de jaqueta de couro assim como Brando?
Para formar o bando Johnny se cerca de um grupo de amigos, que foram rejeitados pela sociedade assim como ele: o mecânico tranquilo Cal (Boyd Holbrook), o brincalhão comedor de insetos Cockroach (Emory Cohen), o ameaçador, mas profundo Zipco (Michael Shannon), o sempre leal Brucie (Damon Herriman) e o excêntrico Funny Sonny (Norman Reedus).
A narradora da história é Kathy (Jodie Comer), que para ajudar uma amiga, vai de encontro a seu socorro no bar e sede dos Vândalos. Totalmente descolocada e desconfortável Kathy decide ir embora e justamente nesse momento que ela conhece e se apaixona pelo membro mais misterioso e rebelde do Clube, Benny (Justin Butler).

A partir daqui é estabelecido o triangulo nada amoroso entre Kathy, Benny e Johnny. Kathy quer que Benny se estabeleça e seja um homem de família, mas Johnny quer que Benny seja seu sucessor na liderança do grupo. Benny, por sua vez, só quer seguir sua vida como um espírito errante sobre duas rodas, livre de obrigações ou responsabilidades.
O diretor Jeff Nichols optou em fazer um filme livre dos estereótipos desse tropo. Nichols procurar explora as emoções e desejos de seus personagens, revelando choque de geração, disputa pela liderança, a necessidade de pertencimento, traumas, masculinidade e o caminho inevitável para a violência quando os ideais divergentes se cruzam.
Quem procura ver um filme sobre gangue de motoqueiros, pode se decepcionar. A história é baseada no livro de Danny Lyon (Mike Faist) publicado em 1968. Lyon passou um tempo na companhia dos Vândalos gravando entrevista e fotografando sua comunidade, membros e eventos. Podemos disser que Danny viveu a ascensão da irmandade dos Vândalos entre seus membros, como também a fraternidade com outras comunidades de motociclismo, bem com sua queda com a entrada das drogas e surgimento da rivalidade dos clubes e a disputa por territoriais e novos membros.