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Chernobyl | Crítica

Se perguntarmos a um amigo ou numa mesa de bar a quantas anda o cinema russo, é bem provável que a única resposta que vamos ter é uma expressão de paisagem. No geral, os brasileiros passam longe desses filmes. Mesmo entre os cinéfilos, talvez a referência mais recente seja Tarkovski.

Nesse contexto, não espanta que “Chernobyl”, filme dirigido por Danila Kozlovsky, tente emular tanto um estilo de filmagem estadunidense em sua forma, nem que pareça tanto uma resposta à série de mesmo nome da HBO. Só parece, é preciso deixar claro. Para bem e para mal, este filme de 2021 trabalha em escala muito menor para tentar buscar o épico e se realmente for preciso uma comparação, seria com o filme “As Torres Gêmeas” de 2006.

Você conhece esta história

Na sinopse oficial, diz-se que o filme é sobre as consequências da explosão na usina nuclear de Chernobyl, quando centenas de pessoas sacrificaram suas vidas para limpar o local da catástrofe e para prevenir um desastre ainda maior que poderia ter tornado grande parte do continente europeu em uma zona inabitável.

O improvável herói do filme é Alexey, um bombeiro da usina. Ele está acompanhado por Valery, um engenheiro, e Boris, um mergulhador militar, em uma perigosa missão para drenar a água de um reservatório sob o reator em chamas. Eles não têm tempo para um planejamento adequado; a água nos corredores inundados que eles terão de atravessar está ficando mais quente a cada hora à medida que o núcleo do reator derretido se aproxima cada vez mais. Preparados para sacrificar suas próprias vidas para evitar uma catástrofe ainda maior, os três homens descem às profundezas do prédio do reator.

A trama de “Chernobyl” se inspira em fatos reais para criar uma narrativa ficcional. Alexei, o protagonista vivido também por Kozlovsky representa em si todos os bombeiros que viveram a tragédia. Por isso, sua carga heróica é gradiosa até beirar o exagero. É ele que presencia os primeiros impactos da explosão ao ver os passáros caindo do céu. E imediatamente (imediatamente mesmo!) pula em um caminhão dos bombeiros para resgatar os amigos na usina. Também é ele que peita o partido e por fim é um dos responsáveis por impedir a segunda explosão do reator. Talvez, fosse outro tipo de filme, seria um excelente super herói.

Apesar disso, desse meu tom condescendente, o filme não patina tanto. Antes, é um filme que se equilibra entre o melodrama, a ação enlatada e a crítica rasa. Nada que já nao vimos no cinema do outro lado do oceano.

chernobyl

E vale a pena?

O terceiro ato, como mostra a sinopse é focada no desafio dos mergulhadores ao interior da usina. Segue fantasiosa, mas empolga. Empolga e aumenta as comparações com filmes de desastre mais contidos que já conhecemos. Antes de tudo, espere aqui a honra dos heróis, sacríficios ousados (ou não tão ousados) e os reencontros ao final.

Porém, quando tudo isso se junta, o que temos é uma mensagem um pouco menos solene do que um desastre dessa magnitude exigiria. Sob o mesmo ponto de vista de que mudar os nomes dos personagens torna tudo mais abrangente, também tira certo pesa da história sendo contada. É curioso que a decisão oposta também cause o mesmo efeito. Afinal, mesmo que o título fale que a história é sobre Chernobyl, o que vemos na tela é outra coisa. Às vezes, é preciso colocar mais fundo o dedo na ferida e talvez seja preciso alguém com mais pulso e potência. Talvez um Tarkovski.

Então, Veja o Trailer

Ficha Técnica

Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre (Kogda padali aisty)
2021
País: Rússia

Direção: Danila Kozlovsky
136 minutos

Elenco: Danila Kozlovsky, Oksana Akinshina, Samvel Tedevosian, Aton Shwartz

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