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Besouro Azul | Crítica

Ainda que muita gente vá torcer o nariz, “Besouro Azul” busca pavimentar um caminho seguro, embora previsível, de uma clássica história de origem que nunca apela para viagens no tempo , o multiverso ou um portal gigantesco no céu. Convenhamos que isso merece algum crédito.

Sem substância, mas com bom tempero

Pensado para ser um lançamento direto para streaming, o primeiro super herói latino a ter filme próprio foi realocado para os cinemas em mais uma das reviravoltas do planejamento da Warner/DC. Uma oportunidade, a julgar os talentos latinos na frente e por trás das câmeras. O diretor Angel Manuel Soto já havia se destacando anteriormente no excelente “Charm City Kings” e parecia a aposta-resposta ao que a Marvel fez com Ryan Coogler em “Pantera Negra”.

Mas longe de propor um ícone como foi o herói da Marvel, aqui a Distinta Concorrência busca dialogar com uma fatia pouco explorada do mercado norte-americano como publico pagante. O alvo aqui são a geração de migrantes latinos que criaram suas comunidades nos estados unidos entre os anos 70 e 80 e que já continutuaram laços familiares e tiveram filhos. Todo este grupo é o alvo do marketing do filme, seja dentro ou fora das telas.

Daí por que faz sentido evocar o Chapolin Colorado, mesmo que os mais jovens nem imaginem do que se trata. Igualmente, é por isso que cabe incluir a saudosa musica de “Maria do Bairro” para que sorrisos aparecam sob barbas e cabelos grisalhos.

Bom, talvez não no Brasil, já que as reprises aqui tornaram certos produtos de mídia mexicanos atemporais. E daí, sendo consciente ou não, ter uma atriz brasileira com destaque e dividindo o protagonismo foi uma boa jogada.

Um filme simpático

Se foram essas possibilidades de ganhos o que inspirou uma mudança de opinião na liderança executiva do estúdio, levando “Besouro Azul” aos cinemas, é difícil saber. Fato que, ao ver o tipo de aventura que temos no filme, juntamente ao tom leve e verdadeiramente voltado para tempos mais simples no cinema de super herói, é possível acreditar na promessa dos recém-empossados ​​chefes da DC, James Gunn e Peter Safran, de que o herói será o primeiro de seu chamado “DCU” totalmente reformulado.

Mesmo que não tenha nada de novo, além de sua especificidade cultural, a merecer menção no filme, há méritos. O carisma do elenco verdadeiramente se sustenta, assim como a química do casal principal de Xolo Maridueña e Bruna Marquezine. A ação é inteligivel e muito bem feita, e a voz de Becky G trás um frescor às vozes na cabeça de protagonistas desta geração.

Finalmente, existe algo agradavelmente nostálgico na sinceridade que o filme emana, algo que se perdeu no caminho e um retorno ao simples ato de ver um herói se provando como tal. Não é melhor nem pior que um “Homem de Ferro” lá de 2008. Nós que é deixamos de ser crianças.

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