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Belfast | Crítica

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“Belfast” poderia ser um filme histórico, mas não é. A produção dirigida por Kenneth Branagh acompanha a vida de uma família, nos fins dos anos 1960, vivenciando um momento tumultuado em sua cidade.

O núcleo familiar é composto não apenas pelo casal (Catriona Balfe e Jamie Dornan) e seus filhos Buddy (Jude Hill) e Will (Lewis McAskie), mas também pelo casal de avós (Judi Dench e Ciarán Hinds) que vivem no mesmo bairro. São os anos 1960 e existe no país, Irlanda do Norte, grande tensão entre protestantes e católicos. Em certo momento tais tensos se transformam em uma guerra civil e atinge a região em que a família mora.

Entretanto não devemos esperar um filme que aborde o dato histórico com a seriedade documental, pois tal fato não acontece. O que vemos é uma crônica sobre a vida daquela família, em um momento atravessado pelos conflitos. A história de um pai e uma mãe, avó e avô, crianças e seus amigos, e seus vizinhos , pessoas que podem ser qualquer pessoa naquele extrato de universo sessentista na Irlanda.

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Belfast em forma de um bairro, uma peça de teatro

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Inicialmente me senti incomodada com o fato da cidade de Belfast ser reduzida a apenas um bairro, entretanto percebi, posteriormente, que Branagh está colocando na tela uma peça de teatro. Assim, para tal linguagem funcionar é preciso reduzir um pouco os espaços explorados.

Penso e afirmo que o que vemos é uma peça reestruturada para as elas, pois as cenas que são usadas para fazer as transições de ambiente me passam a sensação de estar lendo um roteiro teatral. Em um momento que chove, e somos levados das ruas para o interior da casa nos mostram um telhado, a chuva sobre ele e, em seguida, uma mesa, com objetos sendo atingidos pela chuva. Senti que nessas cena, mesmo com os sons da água, alguma voz narrava uma descrição do ambiente, me preparando para o diálogo em seguida.

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Nos bastidores o diretor Kenneth Branagh conversa com Jude Hill – The Guardian

Toda essa sensação descrita acima, mais os enquadramento e uso do preto e branco formando ora imagens poéticas, ora geométricas, sugerem esta memória do ambiente teatral. Sabendo que Branagh teve sua formação como ator no teatro, entendemos sua homenagem. Também são homenageados a cultura pop, dos quadrinhos e TV e o cinema, . Há muita beleza em ver como a direção, direção de arte e fotografia usam do preto e branco e das cores para apontar a fuga da realidade daqueles personagens.

O filme está indicado ao Oscar nas categorias Filme, Direção, Atriz e Ator Coadjuvante, Roteiro Original e Som. Não é o mais fabuloso dos indicados deste ano, mas é um filme leve e despretensioso para se ver a sós ou com a família.

Assista aqui ao trailer

Ficha técnica

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Belfast (2021)
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Kenneth Branagh
Elenco: Jude Hill, Lewis McAskie, Caitriona Balfe, Jamie Dornan, Judi Dench, Ciarán Hinds
Trilha sonora: Van Morrison
Cinematografia/fotografia: Haris Zambarloukos
Montagem: Úna Ní Dhonghaíle

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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