A Vingança da Cinderela | Crítica

Nos últimos tempos, o cinema tem se aventurado em reimaginar os tradicionais contos de fadas de maneiras inusitadas e, muitas vezes, sombrias. Um exemplo disso é *Ursinho Pooh: Sangue e Mel*, que chocou os espectadores com sua abordagem sombria. Agora, a mais recente reinterpretação a chegar às telonas é *A Vingança de Cinderela*, com estreia marcada para 5 de setembro. Este longa promete não apenas subverter o gênero, mas também explorar questões contemporâneas como o empoderamento feminino e a desconstrução de papéis de gênero.

A história, que todos conhecemos, ganha um novo e sombrio rumo quando Cinderela, exausta dos abusos de sua madrasta e irmãs, decide abandonar seus emblemáticos sapatos de vidro. Com a ajuda de uma Fada Madrinha pouco ortodoxa, ela embarca em uma jornada de vingança, transformando o clássico conto de fadas em uma narrativa implacável de retribuição.

Desde o início, o filme se destaca por sua abordagem moderna e inovadora. A introdução, apresentada em formato de livro, traz uma releitura atualizada do conto de fadas, ao mesmo tempo em que a trilha sonora cria a atmosfera perfeita para essa nova versão.

O roteiro, escrito por Tom Jolliffe, é um dos pontos altos da produção. Ele conduz a trama de maneira eficiente, revelando gradualmente as motivações das personagens e mantendo o ritmo da narrativa envolvente e dinâmico. Jolliffe consegue equilibrar ação e desenvolvimento de personagens, levando o espectador a acompanhar cada passo da transformação de Cinderela.

No que diz respeito ao elenco, as performances são notáveis. Lauren Staerck traz uma nova dimensão à Cinderela, equilibrando a pureza da personagem com uma determinação feroz. Natasha Henstridge, como uma Fada Madrinha que desafia os estereótipos tradicionais, oferece uma atuação marcante, instigando Cinderela a buscar a vingança. A madrasta, vivida por Kate Dickie, é o retrato da frieza e crueldade, enquanto as irmãs adotivas, interpretadas por Georgia Brown e Sophie Stevens, adicionam camadas de desprezo e arrogância, tornando a antagonista ainda mais opressora.

Os elementos técnicos do filme, como a cinematografia saturada e a edição precisa, complementam a narrativa, sem nunca parecerem excessivos. Embora o desfecho possa ser antecipado, isso não diminui o impacto geral da obra.

Um aspecto que poderia ter sido melhor explorado é o background dos vilões, especialmente a jornada que transformou a madrasta em uma figura tão cruel. Apesar disso, o filme se sustenta em temas relevantes como a luta pela justiça e a quebra de padrões tradicionais de gênero, ressoando com as questões da sociedade contemporânea.

No fim das contas, *A Vingança de Cinderela* oferece uma experiência de entretenimento satisfatória, surpreendendo ao reinventar um conto de fadas tão familiar de forma tão provocativa. Se você aprecia releituras sombrias e ousadas, este filme certamente merece sua atenção.