A Felicidade das Coisas | Crítica
Em geral, toda crítica de “A Felicidade das Coisas” começa por sua produtora. Não podendo escapar disso, começando também assim, prefiro pontuar o que diferencia este filme de outras produções da Filmes de Plástico. Em especial, e acima de tudo, o que diferencia este filme do premiado “Ela Volta na Quinta” é o momento em que se desenrola a trama, como é natural deste tipo de “cinema de crônica“.
Retrato monótono do hoje
Se antes, havia um cinema que contemplava o cotidiano sem definir para sim um tema, hoje a urgência coloca um tema bem claro na tela. Bastante engajado, “A Felicidade das Coisas” se ancora em representar a vida de uma familia de classe média, privilegiada, mas não por isso livre do Brasil em que vivemos.
A trama se concentra em acompanhar o mês de férias de quatro integrantes de uma família (mãe, avó e duas crianças, um menino e uma menina) durante as férias no litoral de São Paulo e as dificuldades de se instalar uma piscina no sítio da família. Só isso, simples e a primeira vista até desinteressante.
Consciente disso, o filme se concentra nos pequenos gestos. A falta de dinheiro que causa discórdia entre marido (ausente) e esposa. O cuidado com os filhos – incluindo o que está para nascer. A cumplicidade entre as duas mulheres, mãe e avó e também seus conflitos na intimidade.
Sempre sentimos que um conflito está prestes a explodir, mas ele nunca explode. Assim como surge, logo desaparece, do início até o fim da produção. E é nesse sentido que o filme se relaciona e se engaja como crônica social do hoje.
Um filme que quer dizer sem dizer
Assim, trabalhando no limiar da linguagem, o filme tenta se equilibrar. Nem sempre consegue. A falta de dinamismo certamente afastará muitos e ainda outros tantos que terão a sensação de que nada acontece na história. Então, para funcionar, o filme se ancora em seu elenco.
Magali Biff interpreta com extrema naturalidade o papel da avó carinhosa e consciente. Operfeito oposto do perfil de Paula, interpretada por Patrícia Saravy, que embora se mostre firme e lute por suas decisões, mostra cansaço e transmite um senso de injustiça.
A piscina, a compra da casa, os conflitos com os homens – o marido, o filho, o vendedor da piscina – surgem como problemas sérios de alguém que olha apenas para seu pequeno microcosmo, nos convidando a ver pela perspectiva de toda uma classe atual. Desiludida, embora pelo seus próprios passos.
Gênero: Drama
Direção: Thais Fujinaga
Roteiro: Thais Fujinaga
Elenco: Patrícia Saravy, Magali Biff, Messias Gois, Lavinia Castelari
Duração: 87 minutos
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