Resenha | A Casa Holandesa – Ann Patchett | Intrínsecos 020

3 de junho de 2020 Philip Rangel

Ele tinha comprado a casa mais bonita da Pensilvânia, e sua esposa olhava para ela como se tivesse dado um tiro nela.

“A Casa Holandesa” foi um livro meio que diferente! No enredo, descobrimos que o narrador, é um dos personagens, o filho mais novo dos Conroy, Danny (Daniel). Ao lado de sua irmã mais velha e amiga, Maeve, eles moram em uma casa enorme, a famosa “Casa Holandesa”, que traz uma exuberância em detalhes enormes, antigamente possuía mais de 12 hectares de terra, hoje isso já não existe. Os quadros da família anterior continuaram, até a chagada da família de Maeve.

Nada é tão perfeito como o rumo de nossas vidas em vários momentos, não é mesmo? Em uma casa rodeada de funcionários, Enia Conroy acreditava que ficaria tudo bem, mas ela nunca adaptou a uma vida pomposa. Pelo menos seu marido acreditava que esse seria um grande presente para a esposa. Até que ela abandona os seus filhos ainda jovens, desaparecendo por anos.

Acreditando que não possa piorar, o pai casa com Andrea, nova madrasta que leva suas filhas para morar junto da família. O que não esperavam é que a mulher iria infernizar a vida dos dois e nesse ponto temos algumas passagens de tempos, quando Danny e Maeve sempre estacionam na frente da casa para narrar os acontecimentos anteriores. Não tardando, o garoto é convidado a sair também da casa, logo após a morte do pai e a entrega de todos os bens a esposa. Juro que não entendi como que um pai faz isso com os filhos. Fugindo de uma realidade em nosso mundo real. Deixando-os somente com um fundo de estudo, o que serviria para o Danny, que cursa medicina contra a sua vontade, por pedido da irmã. O sonho do garoto, já adulto sempre foi alugar prédios como o pai fazia e o tinha ensinado, um administrador.

O livro nos apresenta um drama familiar, levando-nos a refletir a vida e os nossos destinos. No primeiro momento senti uma falta de emoção, não conseguia entender tudo. Depois sofri com a Maeve, ela possui diabetes, e precisa tomar insulina. A vida dos irmãos sempre rodeia o passado, cheios de amarguras. Um pássaro não consegue voar, se os fantasmas do passado não deixam que isso ocorra. Para eles o reencontro com a mãe, a resolução de outros conflitos se torna base para a finalização de todo o enredo criado pela autora.

Os capítulos foram longos, a leitura não foi fácil, a mudança de passado para o presente precisa ser compreendida com calma, por não seguir uma linha do tempo certa. Ainda é um livro que indico, por ser uma leitura madura e reflexiva! O perdão deve acontecer para que possamos avançar em nossos destinos. Percebi ainda que os grandes avanços acontecem quando somos desafiados, mesmo que percamos tudo em um primeiro momento.

O que acharam? Você leria ou vai ler o livro?

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