Resenhas

Resenha: Enders, por Lissa Price

ENDERS_1389021547PNome do livro: Enders
Nome Original: Enders
Tradução: Ivar Panazzolo Júnior
Série: Starters Livro #02
Autor(a): Lissa Price
ISBN: 9788581633602
Páginas: 285
Editora: Novo Conceito
Ano: 2014
Avaliação: 2/5
Onde Comprar: Compare Preços 

Depois que a Prime Destinations foi demolida, Callie pensou que teria paz para viver ao lado do irmão, Tyler, e do amigo, Michael. O banco de corpos foi destruído para sempre, e Callie nunca mais terá de alugar-se para os abomináveis Enders. No entanto, ela e Michael têm o chip implantado no cérebro e podem ser controlados. Além disso, o Velho ainda se comunica com Callie. O pesadelo não terminou. Agora, Callie procura uma maneira de remover o chip – isso pode custar sua vida, mas vai silenciar a voz que fala em sua mente. Se continuar sob o domínio dos Enders, Callie estará constantemente sujeita a fazer o que não quer, inclusive contra as pessoas que mais ama. Callie tem pouco tempo. Obstinada por descobrir quem é de fato o Velho e desejando, mais que tudo, uma vida normal para si e para o irmão, ela vai lutar pela verdade. Custe o que custar.

 “Não é muito diferente do que seu pai fez. Ele usa uma máscara, e você está usando uma máscara que cobre seu corpo inteiro.”

Enders tem um roteiro cheio de ação e reviravoltas, com algumas surpresas principalmente no final. Porém a forma com que essas reviravoltas na narrativa são mostradas foi muito pobre, nos privando de detalhes como se o texto não estivesse finalizado.

Gostei muito de Starters e uma das qualidades do livro é a trama dinâmica. A protagonista Callie e o leitor não descansam. Ficamos ávidos por mais, querendo entender o que se passa com a garota e e o rumo da narrativa. O livro terminou de maneira ótima, com um gancho para o próximo e grande expectativa. Infelizmente a minha não foi alcançada. A autora não conseguiu manter a qualidade do texto, deixando que as ações dos personagens, tão importantes para suas vidas, parecessem superficiais, fáceis de se fazer e algumas vezes sem propósito.

Antes do segundo livro ainda foram publicados gratuitamente em e-book três contos: Retrato de um Inspetor, Retrato de um Esporo e Retrato de uma Doadora, respectivamente. Não é preciso ler nenhum deles para ler Enders e pouco acrescentam para a trama. O mais interessante é Retrato de um Esporo, que conta os momentos finais da mãe de Callie.

Enders começa dois dias após o término de Starters, com Callie cheia de dúvidas sobre como o Velho pode acessar o chip que está em sua cabeça. Ela conhece Hyden, que diz ser filho do Velho, e ambos ficam escondidos para tentar solucionar o problema de todos os Metais (como os Starters com um chip são chamados), que é desabilitar o chip inserido no cérebro. Callie é o alvo de seus inimigos pois o chip que está em seu cérebro é o único que foi modificado. Mas os planos perversos do Velho não são só para ela.

Durante a narrativa existem muitas coisas mal explicadas. Em Starters as autoridades não são informadas dos crimes que estão ocorrendo, pois suspeitava-se que estivessem envolvidas de alguma forma. Porém, no término do primeiro livro e no início de Enders, vemos uma colaboração entre as autoridades e Callie. Assim que essa colaboração foi estabelecida, acreditava-se que seria mantida durante o desenrolar da trama, mas em seguida ninguém mais pensa em chamar os inspetores, polícia ou os próprios conhecidos que Callie tem no governo, usando como desculpa o fato de que um dos personagens não confia neles, sem apresentar nenhuma prova do porquê de haver essa desconfiança.

O que realmente incomoda no livro é a facilidade com que as personagens descobrem onde ficam as bases secretas, esconderijos e etc e entram ou saem de lá facilmente. A segurança desses locais é absurdamente relapsa e mesmo quando as personagens encontram-se trancadas em uma cela anti-fuga, a fuga acontece rapidamente e sem a menor explicação de por que uma cela anti-fura seria acessada tão facilmente e não teria ninguém vigiando. A impressão que se tem ao ler essas cenas é de que o texto foi entregue incompleto e com algumas anotações de “insira uma explicação aqui” que foram ignoradas.

Também existem coisas boas em Enders, como um final que não é definitivo, já que a vida das personagens não termina ali, mas que os encaminhará para algo melhor do que aquilo que viveram durante a duologia. Callie continua sendo uma menina forte, que não tem medo de carregar suas responsabilidades e que é honesta consigo mesma. O romance poderia ser muito bom, se tivesse sido melhor explorado no segundo livro, assim como os problemas do par romântico da garota. E ainda tem uma sombra da reflexão que existiu no primeiro livro sobre a futilidade e superficialidade das pessoas.

“Recebi as mesmas cirurgias que você, e elas não mudaram quem eu sou. Algum dia, nós duas seremos Enders (…), ficaremos velhas e enrugadas. Como todo mundo. Mas seremos muito mais bonitas se estivermos felizes por dentro. Se usarmos nosso cérebro e talentos em vez de levarmos a sério o que as pessoas definem como ‘bonito’.”

A edição da Novo Conceito está ótima. A capa seguiu o mesmo padrão do primeiro livro, metalizada. As lombadas combinam e fica muito bonito na estante. Quase não encontrei erros de digitação, mas a revisão pecou um pouco. As folhas são amareladas e leves, como todas as edições desta editora. Muito prático quando precisa sair de casa e quer levar o livro.

Senti falta de uma lição final sobre tudo o que aconteceu nos dois livros, sobre a ideia absurda de pessoas mais velhas alugarem os corpos de pessoas mais jovens por preços exorbitantes para poderem sentir, por um tempo, a sensação de ser jovem novamente ou de fugir de sua realidade. Justamente a parte que parecia ser a mais importante da história. Devido principalmente a isso a nota dada ao livro é tão baixa. Recomendo a leitura a todos que leram o primeiro livro, pois é preciso saber como finaliza a história e, principalmente, por finalmente descobrirmos quem é o Velho no final do livro (caso as pistas deixadas durante a narrativa não sejam suficientes para que ele seja descoberto antes pelo leitor).

 

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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