Resenha: Prince of Thorns, por Mark Lawrence
Por Jairo Canova
Título: Prince of Thorns
Título original: Prince of Thorns
Série: Trilogia dos Espinhos, Livro #1
Tradutor: Antônio Tibau
Autor: Mark Lawrence
Páginas: 355
Ano de publicação: 2013
Editora: Darkside
Avaliação: 4/5
Onde comprar: Submarino ou Compare
Tem início a Trilogia dos Espinhos: Ainda criança, o príncipe Honório Jorg Ancrath testemunhou o brutal assassinato da Rainha mãe e de o seu irmão caçula, William. Jorg não conseguiu defender sua família, nem tampouco fugir do horror. Jogado à sorte num arbusto de roseira-brava, ele permaneceu imobilizado pelos espinhos que rasgavam profundamente sua pele, e sua alma. O príncipe dos espinhos se vê, então, obrigado a amadurecer para saciar o seu desejo de vingança e poder. Vagando pelas estradas do Império Destruído, Jorg Ancrath lidera uma irmandade de assassinos, e sua única intenção é vencer o jogo. O jogo que os espinhos lhe ensinaram.
Mark Lawrence nos relembra como feridas físicas e emocionais forjam um caráter, mudam a vida de uma pessoa e influenciam o destino de um Império. Escrito em primeira pessoa nos detalhes mais aterradores, Prince of Thorns é um livro com enredo cativante, mas estranhamente confuso nos momentos mais inoportunos.
A narrativa começa com Honório Jorg de Ancrath aos 14 anos. Herdeiro do trono do reino de Ancrath, ele é apenas um entre centenas de nobres que teriam o direito ao trono do Imperador, cargo vago há mais de cem anos quando uma sangrenta guerra pelo título dividiu o Império.
Jorg avisa nas primeiras páginas que é uma pessoa contraditória, característica que realça durante toda obra, quando muitas de suas ações são impulsivas e frequentemente sem razão alguma. Também a onipresente autoconfiança do personagem não tem sustentação, de muitas formas ele sobrevive apenas pela sorte, enquanto homens melhores e mais hábeis morrem ao seu redor. Vagando pelas estradas do Império como líder de um bando de mercenários, pilhando e matando o que encontra, recebe a notícia do novo casamento de seu pai e retorna a Ancrath para reivindicar a sucessão. Começam então capítulos aleatórios contando eventos de quatro anos antes, quando sua mãe e irmão mais novo foram brutalmente assassinados em uma emboscada na estrada e Jorg foi dado como morto ao ser jogado sobre uma roseira-brava.
“Os espinhos… os espinhos me impediram.”
As constantes referências a locais conhecidos, como a Igreja de Roma, e a filósofos como Nietzsche e Platão me deixaram intrigado durante boa parte da leitura. Consultei diversas vezes o mapa no início do livro procurando por pontos conhecidos para incluir a narrativa em algum tipo de distopia medieval, sem sucesso. Já que o próprio Jorg não sabe a resposta, fica a cargo da imaginação do leitor.
A narrativa em primeira pessoa muitas vezes revela o caráter do personagem e as pequenas mudanças que sofre conforme novos acontecimentos vão moldando sua personalidade volátil. O que em outros livros pareceria birra de um adolescente rebelde, com Jorg recebe contornos muito mais sombrios conforme ele lança sua raiva em quem estiver mais próximo. Na verdade, são poucos os personagens que ele não tem vontade de matar. Na busca por respostas e vingança um dos grandes dilemas do personagem é saber quem são os jogadores e quem são as peças no jogo dos tronos.
A presença do sobrenatural na trama também entra de forma natural, permeando desde as primeiras páginas, influenciando os medos de Jorg e seus irmãos (como ele faz questão de chamar o bando de mercenários) e até as maiores batalhas da trama.
Talvez não se qualifique como erro, já que ocorre no original e foi mantido pela Darkside: a linha do tempo começa com o personagem aos 14 anos, os capítulos que narram os acontecimentos da infância tem um subtítulo onde se lê “- QUATRO ANOS ATRÁS –“. Só que isso ocorre em sequência nos capítulos 15 e 16. Chegando ao final do capítulo 15, com o personagem aos 10 anos, e no capítulo 16 novamente “quatro anos atrás” imaginei que veria Jorg com 6 anos. Errado, o capítulo 16 é a continuação do 15. Nesse caso os dois deveriam ser fundidos, ou eventos narrados no presente colocados entre eles.
Outro ponto contra é o anticlímax da maior vitória do personagem em toda obra: o Castelo Vermelho. Relendo o trecho diversas vezes é possível organizar os eventos, mas é explicado de maneira indireta e distante, o que contrasta com o habitual tom de superioridade que permeia todo o resto do livro onde o personagem se esforça para descrever nos mínimos detalhes todas suas ações. Não é válido o argumento de que sendo em primeira pessoa a descrição é inadequada já que Jorg estava confuso, em passagens que está praticamente morto ele é capaz de descrever com precisão seus pensamentos e o que acontecia a seu redor.
Se considerasse apenas o texto teria dado nota 3, mas a edição da Darkside merece destaque. Capa dura emborrachada, caveira do logotipo e título em alto relevo. A cor vermelha na parte interna da capa é visível durante as partes mais violentas. Tudo aliado ao preço acessível torna o livro bem atrativo. Praticamente sem erros de digitação e as páginas amareladas agradáveis, um item de luxo. Essa é uma das melhores edições de livros de fantasia que já vi em português.
Sangrento do começo ao fim, Prince of Thorns se esquiva o suficiente do brutal para que a leitura seja também adequada para adolescentes, digamos a partir de 14 anos: idade do personagem principal. Leitura obrigatória para os fãs de fantasia, da magia e do sombrio. As continuações são ainda mais elogiadas do que este primeiro volume, aguardamos ansiosos.
King of Thorns, segundo volume da série, foi anunciado para abril de 2014.
Eu gostei desse livro =) Tb estou ansiosa pro segundo!