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Carina Rissi fala mais sobre a continuação de Perdida 2

Carina Rissi, autora de Perdida, disse que a sequência,  À procura do felizes para sempre“, deve ser lançada em Agosto durante a Bienal do Livro de São Paulo. Confira a capa provisória e um trecho: PERDIDA_2_1357127273P

CUIDADO! ALERTA DE SPOILER “…E então, bem atrás da mesa dele, pendurado como se fosse uma obra de arte, me deparei com a tela suja e borrada por meus dedos. Segurei os ombros de Ian e me ergui o suficiente para olhar em seus olhos. − Por que aquela coisa horrorosa tá pendurada na sua parede como se fosse um quadro de verdade? − É um quadro de verdade! – ele afirmou, enrolando uma de minhas ondas no indicador. − Não, é uma porcaria que qualquer criança de dois anos faria melhor. Ian observou a tela, espalmando a mão grande na curva de minhas costas para que eu não caísse. Um sorriso orgulhoso brotou em sua boca perfeita. − Eu gosto – comentou. − Observe a assimetria, a imprecisão nos traços, nenhum domínio das técnicas sobre a tela. Numa primeira interpretação de caráter geral este quadro apresenta uma total falta de cosmovisão, não há uma reflexão sobre os valores fundamentais em torno dos quais gira a vida humana. É difícil encontrar uma linguagem pictórica ou simbólica, até mesmo discursiva ou conceitual. Se dermos mais importância ao fator “Onde está o mata-borrão?”, chegamos à conclusão de que a negligente artista sente dificuldade em se adequar ao padrões e a expressa em cada pincelada. − Tá legal – falei devagar, olhando-o com a testa encrespada. − Não entendi mais da metade do que você disse, mas tenho a impressão que você acabou de dizer que sou uma droga como artista. Ele deu risada. − Ainda não terminei. – Então se obrigou a voltar a fachada de crítico de artes. – Porém, se deixarmos tudo isso de lado e nos concentrarmos na relação estabelecida entre a figura oculta e as marcas de dedos, vemos que a qualidade do trabalho é significativa, e a mensagem rica e engenhosa. − Ah, é, é? – Apertei os lábios para não rir. Ele fez que sim, mantendo a expressão séria. − Perceba com que riqueza o amarelo e o vermelho se entrelaçam, criando a ilusão de luz e profundidade. Como aquela torção ali no canto nos remete a um vórtice em constante movimento. Nesta perspectiva, percebemos que a negligência é proposital, ouso dizer sofisticada, para que os traços representem a liberdade da alma da artista. Observe aquela mistura de marrom e verde bem ao centro. − Que lembra uma batata podre? − Precisamente! – Ele lutou contra um sorriso. − A batata é o símbolo máximo do livre-arbítrio e a independência triunfando sobre as adversidades causadas pelo mata-borrão! Eu gargalhei tanto que teria caído do sofá se Ian não estivesse me segurado com tanta firmeza. Ele ria também. − Sério, Ian, é feio demais. Acabou com a decoração do seu escritório. Devia colocar no lixo. − Meu amor, eu jamais poderia. Quando olho para esta tela me lembro da forma como foi criada. A razão daquela confusão de cores e marcas de dedos. Não há outra que seja mais preciosa ou mais bela para mim. Recentemente também adquiri muito apreço por aquela magnifica mesa de carvalho. E agora desejo acrescentar este confortável sofá a lista. − E esticou o pescoço para alcançar meu lábios.”

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

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