Resenha: O Túmulo sob as Colinas, por Belinda Bauer
Nome do Livro: O Túmulo sob as Colinas
Título Original: Blacklands
Tradutores: Paulo Reis e Sérgio Moraes Rego
ISBN: 9788501099044
Páginas: 315
Editora: Record
Ano: 2013
Avaliação: 5/5
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Apesar de cavar buracos quase diariamente na charneca de Exmoor à procura de um cadáver, Steven Lamb sempre quis ser um garoto normal. Porém, decidido, ele deixa as brincadeiras de lado e segue com sua pá para tentar encontrar o corpo de seu tio Billy, assassinado há 19 anos. Embora nunca o tenha conhecido, Steven sabe que sua família só poderá ser feliz quando encontrar o corpo desaparecido. Para descobrir o paradeiro dele, Steven decide escrever ao prisioneiro Arnold Avery, principal suspeito do crime. É o ponto de partida de um arriscado jogo de gato e rato entre uma criança desesperada e um perigoso serial killer.
Palpitante. Se fosse descrever este livro em uma só palavra seria esta que usaria.
É um livro cheio de suspense – não sobrenatural – que impele o leitor a ler a próxima página de forma urgente antes que o coração resolva saltar pela boca. Belinda escreve como se este não fosse sua primeira publicação.
Steven é um típico garoto de 12 anos, destes que à despeito de sua pouca idade já sofreu todas as dores de sua família como se em sua própria pele houvesse acontecido. É o neto de uma mãe que perdeu seu filho de mesma idade, assassinado por um serial killer, pedófilo e estuprador. Steven não o conheceu. O assassinato aconteceu há quase vinte anos. Mas o sofrimento desta morte prematura dói em sua própria vida e ele acredita verdadeiramente que pode sanar este mal, encontrando o corpo do tio assassinado.
Belinda mostra os pensamentos, as crenças e descrenças de uma família desequilibrada por uma tragédia. Fiquei com os olhos marejados em diversas páginas do livro, quando Steven se demonstrava carente a ponto de não levar em conta a rigidez do coração da avó, e entendia seu jeito bruto, e desejava ele mesmo curar e restaurar a doçura dos corações. Queria o abraço, o afago, o sorriso sincero e os dias simples, normais de uma pequena família. Enxerguei nas linhas da estória as quebras que muitos trazem em si após a tragédia e a dificuldade de ver cor e alegria nas coisas.
É uma estória dura que causa sensação de nojo avassalador nos tomando em muitas partes, quando lemos sobre Avery – o assassino sórdido. Porém Belinda escreve com sutileza, que faz com que o leitor imagine a cena. Deixa nas entrelinhas os detalhes mais sombrios e nauseantes. Perfeito. Assim não somos obrigados a ler coisas duras demais, e ao mesmo tempo torna a estória ainda mais forte, porque palavra alguma consegue superar nossa imaginação. Senti tanto ódio por Avery que me peguei algumas vezes lendo com a mão livre apertada a ponto de as unhas doerem na pele. Entendo o quanto é difícil ser ‘santo’… Não dá para ter misericórdia com pessoas que agem como este personagem. Triste é saber que existem seres assim, vivos, de carne e osso, andando por aí. Arrepia.
Todos os personagens são muito bem construídos e não somente o perfil do assassino. Belinda não apresenta nenhum com detalhes aprofundados, mas vamos conhecendo um a um durante a leitura. Nos encantamos por eles, ainda que embrutecidos pela vida. Até mesmo o soldado Gary, que aparece somente em uma dezena de páginas, nós podemos conhecer a vida, os impulsos e os motivos. Queria muito, muito mesmo poder passar a mão pelos cabelos de Steven e dizer que ele é especial, por conta das sensações que seu personagem causam no leitor. Fascinante construção de perfis.
A descrição geográfica é boa. Ela é muito importante para o contexto da estória e eu não conseguia distinguir com clareza os locais rapidamente, mas a sequência de acontecimentos me ajudava a me situar e a enxergar o lugar, sentir a temperatura. Fala-se sobre as urzes e os tojos da charneca. Daí pesquisei os termos e encontrei várias imagens, e esta foi a que escolhi para a visualização do lugar enquanto lia…
Não encontrei erros e a tradução foi muto bem feita. A capa é bem condizente com a estória e faço minhas as palavras de The Guardian, que colorem a capa: “Este surpreendente livro de estreia faz jus à sua aclamação… Uma façanha psicológica sobre a crueldade e sobre o triunfo da inocência.”
É isso. Um livro surpreendente. Recomendo a leitura.
Oi, Nadja!
Adorei a resenha e estou super curiosa para ler esse livro.
Vou colocá-lo na minha lista de desejados!
Beijos
Camis