Pensamentos – 5ª Edição- Palavras Mil

by DeviantART

Subi as escadas correndo, a pressa por ter esquecido minha planilha de trabalho naquela manhã, foi deixada em cima de minha escrivaninha. A palavra tempo já não fazia parte de meu vocabulário ultimamente, minhas filhas, elas só via após estarem dormindo, tarde da noite. Cláudia minha esposa sempre me cobrava mais atenção a nossas filhas, Bruna e Renata. Poderia está perdendo o crescimento delas, pelo trabalho, uma forma que acreditava proporcionar um futuro gratificante a elas. Eu, era advogado, dos mais conceituados, minha agenda nem tempo para o café tinha. Chegando em meu quarto, avisto a planilha, sento em minha cama e deparo com um albúm de fotos exposto. Logo, abro e percebo ser uma foto, junto a ela uma cartinha de minhas filhas, a fotografia logo me chamou atenção. Naquelas gangorras frias, em uma tarde de outono, Bruna e Renata pela fisionomia estavam felizes, olhando para o céu, brincando e pela minha observação, um sol lindo de fim de tarde cobria aqueles rostinhos lindos. Nesse momento um choque, uma volta ao passado veio em minha mente, no ato, lembrei de minhas irmãs, Paula e Luciana, irmãs que papai pelo mesmo motivo que eu, não dava confiança a elas. Papai deu sua vida para o trabalho, hoje quem toma conta de nossa empresa sou eu. Homem sério, juiz renomado, cara infeliz. O excesso de trabalho, lembro como hoje, afastou minhas irmãs dos olhos de seu crescimento. Papai, arrepende até hoje, de não ter passado os melhores momentos com minhas irmãs.
Uma lágrima singela cai em meu olho, uma reflexão aguda tomou conta de mim, em meus atos, como estava ocupando minha mente só pelo trabalho, esquecendo que eu já fui criança, vivi uma vida de alegrias, mas na realidade de infelicidade porque não só minhas irmãs, mas a mim, não tinha meu pai para nos orientar, mostrar que cair muitas vezes não era sinonimo de desistir, que mesmo com tudo, a felicidade ali ninguém comprava, bastava um sorriso, uma troca de carinho, que não existia. Hoje, eu sou pai, não podia fazer o mesmo com minhas filhas, elas precisam de mim, minha esposa precisa de meu amor, o dinheiro nunca compraria esses sorrisos alegres, felizes, como essa tarde que nunca passei com elas. Minhas imagem deveria está ali, junto a elas e não nessa correria diária que estava na realidade fazendo uma retrospectiva de uma realidade que já havia vivenciado. Não queria que voltasse a realidade. Amo, minhas filhas, quero participar dessa infância delas, uma boa parte que se eu pudesse voltar ao tempo, recuperaria. A vida não tem como retornar, mas podia fazer um novo começo. As minhas lembranças, reflexões ali, me fez ligar para a secretária, desmarcar todos os afazeres, audiências e ficar com minhas filhas. Gritei elas, chamei minha esposa, prometi ambas que a partir daquele momento, um novo homem e pai sairia de mim. Fomos passear naquela tarde, tiramos as mesmas fotos naquelas gangorras, agora eu fazia parte da infância de minhas filhas. E, está foto, delas sorrindo, agora estaria eu no meio. Momentos que a partir dali, existiria para sempre. Contei para elas, que mesmo quando elas crescer que não deixe aquelas vontades, aquele sorriso de criança morrer. Iremos ser adultos, mas ali dentro viverá aquela criança eternamente.