13 Sentimentos | Crítica
O diretor de “13 Sentimentos” não pode passar despercebido. Desde que seu curta metragem, “Eu não quero voltar sozinho“, rodou algumas salas “alternativas” de cinema do país, e fez sucesso no YouTube, sua notoriedade é alta. Naquela época, a história de amor entre dois adolescentes ganhou destaque muito pela delicadeza que conseguiu retratar para nós. E obviamente desde então sua carreira seguiu firme com trabalhos importantes cada um em sua medida. É importante mencionar isso tudo, pois é injusto pensar em “13 Sentimentos” sem levar em conta o antes do cineasta Daniel Ribeiro.
O filme pode causar uma primeira impressão errada ou até correta dependendo do seu ponto de vista. A história de João, que recém saiu de relacionamento de 10 anos com outro homem parece um pouco artificial (e até é), parece um mundo perfeito demais, organizado demais, melhores amigos legais demais, arriscadas nas redes sociais de relacionamento com pessoas bonitas demais. E para piorar nos primeiros minutos do filme os personagens parecem falar de forma muito mecânica. Isso tudo pode causar uma impressão ao qual o filme não merece receber, pois a medida que o tempo passa e João envereda sua aventura pessoal, a sutileza dos detalhes da sua vida, os padrões da vida LGBTQIAPN+ mostram as qualidades do cineasta Daniel Ribeiro e habilidade de reunir talentos e revelá-los.
Por isso, depois de incômodos primeiros minutos de filme somos inseridos no mundo que gira em torno de João, que inclusive pode ser mais interessante que ele próprio, até as partes finais em que o mesmo se revela mais interessante do que no começo do filme.
Há um fato importante que na realidade todos os filmes queer acabam sendo em certa medida um retrato de sua época, mesmo não querendo sê-lo. No contexto de “13 Sentimentos“, a forma como se relacionam por aplicativos de sexo, como o mundo real da sobrevivência básica (moradia, comida) parecem ser representados de forma artificial o que ironiza com a própria superficialidade da vida real que levamos no presente momento. Se isso é ruim ou não é mais fácil inclusive se abster de opinar e apenas viver, o que muitos jovens o fazem e também o protagonista faz. Alem disso o filme nos entrega um final valido porém não muito diferente do esperado e com bela cena final.
O que “13 SentimentosI” causa como incomodo fala mais de nós mesmo do que da missão do filme que é contar uma história simples, com muitos detalhes emocionais de seus personagens. Por isso, Daniel Ribeiro é um cineasta para se ficar atento, pois no futuro pode nos reservar boas surpresas.
13 Sentimentos
Brasil | Estréia: 13 junho de 2024 | 1h40min | Romance
Direção: Daniel Ribeiro
Roteiro: Rafael Gomes, Daniel Ribeiro
Elenco: Artur Volpi, Sidney Santiago, Michael Joelsas, Helena Albergaria, Igor Cosso, Juliana Gerais
Distribuição: Vitrine Filmes