Duas Coxinhas | Crítica
Por: Rafael Assis
Qual foi a última vez que você viu um curta brasileiro. Não se sinta mal se a resposta não estiver na ponta da língua (mas pode dizer nos comentários, vai ser legal saber). Este post existe para te indicar um que deve entrar no seu radar. “Duas Coxinhas”, curta dirigido por Leo Miguel, produzido pela Das Ruas Filmes e co-produzido por Mel Scare, mescla elementos de faroeste, terror e suspense para entregar uma trama reconhecível em qualquer grande cidade do Brasil.
Na trama, simples como pede uma produção de pequena duração, o dono de um bar se prepara para fechar suas portas em uma noite comum, quando um morador de rua, normalmente ignorado todos os dias entra pedindo por um pouco de comida e recebe as duas coxinhas do título. O que os espectadores e outros personagens não esperam é que possa haver muito mais a contar na história desse homem.
Leo Miguel domina a tensão. Se o roteiro joga uma aparente frase descontextualizada aqui, a câmera fecha e gera desconforto. Se um elemnto pode nos dar a resposta do que está acontecendo, a camêra de novo age para o esconder da nossa visão. O jogo de gato e rato é, principalmente, destinado a quem está assistindo.
São quinze minutos de crueza, com os eventos se sucedendo de forma a prender nossos olhos na tela, sem escapatória. As informações são entregues devagar,até o climax. Aí tudo vira.
Uma bela narrativa visual
A fotografia, feita por Thiago Lagarto e Rafael Machado acentua bem a escuridão da noite na grande cidade e o tom cinza e melancólico de uma história que não poderia ter um final alegre. Assim também é a maquiagem, feita por Karina Marchi e Oswaldo Marchi, que tem peso nas cenas mais gore. Como o espaço da ação é pequeno, são o realismo dessa maquiagem e o bom uso de cortes que proporcionam a imersão nos momentos mais tensos.
É comum que, com tanto cuidado técnico, esses aspectos saltem aos olhos perante uma trama pouco inspirada. Não é o caso aqui. Primeiro porque histórias de vingança já são interessantes e instigantes por si só (e aqui, temos uma história de vingança clara já desde o princípio). Além disso, o roteiro toma o cuidado de não tomar lados.
Nessa história de horror (pelo objetivo) e de suspense (pelo tom), a ideia de colocar dois personagem num impasse em um balção de bar a la um saloon é o que nos permite ver a faceta de dois antiheróis. Nos pouco minutos enquanto assistimos torcemos por um e pelo outro sem tomar lados.
Claro que isso se deve também às atuações de Brito e Sidney Guedes, que entregam dois personagens carismáticos, cada um a sua maneira.
Pode ser verdade que a vingança se come fria, mas as vezes ela pode ser requentada numa estufa de boteco. Pode parecer uma gracinha fazer um comentário assim, mas não resisti.
Como faço para assistir?
A equipe do Entrando Numa Fria assistiu ao curta-metragem em uma cabine de imprensa realizada com exclusividade para críticos e jornalistas pela Das Ruas Filmes. Por hora, o filme ‘Duas Coxinhas’ será exibido em festivais antes de chegar as plataformas. Enquanto isso, você pode acompanhar a trajetória do curta através do Instagram da produtora.