De Volta à Itália | Crítica
Uma esperiência repetitiva e maçante para o expectador mais experiente, “De Volta à Itália” vai agradar o expectador casual que busca uma história familiar e que tenha medo da ousadia.
Na trama, Robert (Liam Neeson) viaja até a Itália para revisitar um imóvel caindo aos pedaços deixado pela falecida esposa. Com a ajuda de Jack (Micheál Richardson), filho com quem mantém uma complexa relação, o artista tenta reconstruir o local ao passo que estabelecem uma nova conexão. Esta sinopse oficial, que descreve vagamente a trama, também evoca tudo que ela tem a oferecer.
Discussões superficiais sobre a natureza da arte, uma rasa abordagem das complexidades dos conflitos familiares e um aceno á cultura italiana, no que nunca passa de um pastiche daquilo que encontramos em obras de maior fôlego. Os acontecimentos se encadeiam de forma formulaica, de modo que se pode antecipar a todo instante o que acontecerá nas cenas a seguir.
Mesmo no campo da metáfora, a imagem simbolica da casa sendo reconstruída enquanto a relação pai/filho é restaurada vai causar tremeliques em quem não se permite divertir-se com a pieguice dos melodramas.
A direção de James D’Arcy, que também assina o roteiro, não parece ter a maturidade necessária para trabalhar nenhum dos temas que o filme evoca e o resultado são jornadas narrativas e desenvolvimentos sos personagens que nunca vão além da profundidade de um pires. Nem mesmo o carisma de Nesson (que sustenta boa parte de suas cenas) consegue brilhar ao longo da projeção, uma vez que seus companheiros de tela são tão expressivos quanto as pinturas que surgem como ilustrações dos arcos narrativos.
A coisa toda chega a tamanho grau de canastrice que, não bastando um personagem masculino detestável e caricato como oposição ao interesse amoroso do filho, o roteiro coloca um segundo exemplar em tela, acompanhado de um esteriótico de patricinha apenas para dar um pouco de vigor no texto de um ator que já convenceu o público outras vezes com o mais variado tipo de personagem absurdo.
Falta ao filme qualquer tipo de alma, o que tornaria a experiência de passar seus longos minutos ao menos de forma divertida. Sem isso, resta a sina de ser um filme que passará na tv aos domingos, enquanto a familia almoça e usa a tv não como provedora de uma peça de arte, mas de ruído para o almoço em torno da mesa. Isso, no máximo.
De Volta à Itália (Made in Italy)
UK- Itália
2021
94 minutos
Roteiro e direção: James D’Arcy
Elenco: Liam Nesson, Micheál Richardson,
Valéria BIlello, Helena Antonio