As luzes mais brilhantes, Augusto Alvarenga | Resenha
Esse é o primeiro contato que tenho com a escrita de Augusto, mais conhecido como Guto. Seu romance apresentou assuntos sérios, mas de uma forma leve, mais ao mesmo tempo séria. Teve algo que me incomodou, mas foi uma experiência pessoal como leitor.
O livro é divido em cinco partes com nomes de músicas cada uma, o interessante que no decorrer das páginas as letras das respectivas músicas tem a ver com os eventos narrados na história. A obra é narrada pelo ponto de vista dos protagonistas.
Dois personagens com histórias diferentes, mas tem muito mais em comum do que imaginavam. Julién é um jovem que desde novo sabe o sentimento da perda e abandono. Sua mãe o deixou em São Paulo para ir com seu namorado para Paris, deixando seu pai devastado. Sentimentos de mágoa e raiva foram alimentados ao resultar a depressão e síndrome do pânico. O que ocupa sua mente é música, livros e seu trabalho como livreiro.
Após um encontro com Julién inesperado, a vida de Bruna ganha mais cor. Ela é uma garota inteligente, estudante de cinema e aprecia arte em geral. Sua família a ama e tem um convívio lindo. Essa sua bagagem familiar é um dos pontos fortes que ela compreende Julién e o aceita como é.
Percebi que Bruna na vida dele foi achar um porto seguro, transformando em uma âncora para trazer equilíbrio emocional e mostrar que há muito para viver. Mesmo com seus fantasmas e sombras, Julién se permitiu em ser feliz ao lado de Bruna com um relacionamento baseado em diálogo e passeios inesquecíveis.
Algo que me incomodou foi não ter conseguido sentir a conexão dos protagonistas como casal. Eu vi muito mais o laço da amizade do que propriamente o sentimento de paixão ou algo mais intenso. O que não é algo ruim se parar pra pensar, mas como a proposta é um romance fiquei um pouco decepcionado. Vale destacar que foi minha experiência pessoal com a leitura, o que pode não acontecer com você.
Às vezes, acho que o cérebro pode ser como uma arma. Há momentos em que pensar demais é o que basta para iniciar uma guerra consigo mesmo. Em instantes, pensamentos autodestrutivos tomam conta de tudo o que ele entende como “ser”. Não tem como escapar do próprio corpo, tem?
A escrita de Guto é leve e ágil. Ele tratou de assuntos sérios sem aprofundar tanto, mas desenvolveu com sutileza sem tornar a leitura dramática demais. Algo que preciso elucidar aqui é a ambientação que o autor apresentou com esmero, pois nas descrições de São Paulo consegui me sentir em cada ponto turístico em que os personagens estavam. Isso é algo importante para que a viagem literária faça valer a pena.
O que mais me tocou na trama foi outra experiência minha e serviu como lição. Quando chegou em um dos conflitos, pensei comigo mesmo: “Nossa, mas que frescura tal personagem agir assim”. Coloquei juízo de valor em um personagem em uma situação que poderia acontecer com alguém próximo. Alguns momentos depois reconheci que estava errado e como é importante trabalhar a empatia com os as pessoas ao nosso redor, pois o que para mim pode ser algo pequeno ou uma “tempestade num copo d’água” pode ser algo muito sério para o próximo.
Para os fãs de um romance fofo e rápido de ler, As luzes mais brilhantes é uma boa indicação. Uma trama com conflitos que acontecem constantemente ao nosso redor como família desestruturada e quadros de depressão por diversos motivos. Porém, também pode ser encontrada uma amizade que nasce inesperadamente, mas aos poucos prova que o destino escolheu esse momento para que alguém ganhe mais cor em sua vida e a outra tenha equilíbrio e ambos busquem a felicidade genuína.
Livro: As luzes mais brilhantes
Série: –
Editora: Astral Cultural
Gênero: Romance
Páginas: 205
Julién passou por uma fase terrível e seu coração ainda está despedaçado. Agora, ele decidiu viver um dia após o outro, tentando compreender as particularidades dessa cidade enorme que é São Paulo, onde ele vive, mas se sente sozinho. Porém, um dia, quando cruza a Avenida Paulista de bicicleta, ele tromba com Bruna, a aprendiz de cineasta mais diferente que já viu. Por causa desse momento tão inesperado – e quase trágico -, eles decidem tomar um café. E, depois desse café, nada mais foi como antes. Talvez algo possa surgir entre as luzes mais brilhantes da Paulista e repetidos cafés no Starbucks. Talvez eles – e os leitores – possam descobrir se e existe ou não amor em SP.