Mostra de cinema de Tiradentes – Terceiro dia | Cobertura Festival
Há sempre um certo distanciamento (técnico, conceitual e por que não elitista) que afasta o público médio de mostras de arte no geral. Lembro que no ano passado, antes de pandemia e qualquer sinal da tragédia, fui acompanhar a Mostra in loco. Foi comigo e meus amigos, um motorista de van que nos levou e lá permaneceu conosco.
Depois de três dias ele finalmente chegou perto de mim e perguntou: “Rafael, vocês gostam mesmo desses filmes?”
Lembro que respondi que a questão não era gostar, era aprender.
MOSTRA VERTENTES DA CRIAÇÃO
A Mostra Vertentes da Criação é construída em torno de conceitos que se assentam na instabilidade, segundo descrição da própria curadoria. Diferente da seção de gênero que discutimos ontem, apresenta filmes que possuem diversos processos criativos e formas de engajamento no tempo presente.
Assim há a discussão temporal da presença de um rio, há um potente discurso acerca do reacionarismo político, apertam a intelectualidade de esquerda e etc. Tdo muito centrado no agora, tudo muito comtemporâneo. Destaque para “Negro em mim“, de Macca Ramos e para a simplicidade de Grace Passô, que num curta conciso e preciso, consegue sintetizar em uma palavra tudo que o Brasil de 2020 precisa ouvir: “O seu Brasil acabou e o meu nunca existiu!”
Trata-se de um recorte, todos esses filmes, de sensibilização com o agora, com o momento presente. O que se mostra urgente, visto que com a profusão de informação e a sucessão de tragédias, é comum que nos aclimatemos a todo o fim, a toda a urgência.
Vontando ao meu interlocutor da Mostra passada, tolhido de repertório e interesse pelos filmes, digo que tudo bem. Mas aos amantes de cinema e os realizadores, há toda uma discussão sobre como alcançar ele também.