Artigo | O Poço
O que “O Poço” e o Coronavírus têm em comum?
Por Bruna Dutra
“O Poço” teve sua estreia no dia 18 de março na plataforma da Netflix e deu muito o que falar. Se trata de um lugar onde pessoas são aprisionadas e definidas pelo nível do seu andar, quanto mais embaixo mais feia a situação. É disponibilizado um banquete que vai passando por todos os andares, sendo assim, cada andar vai comer as sobras do de cima.
Um filme que incomoda, enoja, causa angústia, mas traz uma questão muito pertinente para a situação que o mundo está enfrentando agora. O Coronavírus pôs em questão a nossa solidariedade e empatia com o outro, assim como a desigualdade social e o individualismo da população. “O Poço” levanta essas questões de uma maneira assustadora e incômoda, mostrando até onde o ser humano é capaz de ir para sua própria satisfação.
É visto nos jornais e nas redes sociais como algumas pessoas não estão levando a sério, ou levando “a sério demais”, essa pandemia. Pessoas desfazendo das medidas de precaução de ficar em casa por apenas não ser do grupo de risco sem pensar em afetar o próximo, pessoas brigando nos supermercados por comida e álcool em gel, um caos total. Sabemos que o melhor para todo mundo agora é ser solidário e empático, parando de olhar apenas para o próprio umbigo, coisa que nós brasileiros temos muito o que aprender.
No filme é mostrado a desigualdade entre os participantes de acordo com seu nível no poço, os que estão nos níveis acima são mais privilegiados, tendo um banquete mais bem servido que os debaixo que acabam ficando sem, pois os de cima comem o máximo que podem sem pensar no próximo.
Essa pandemia pôde nos mostrar, mais uma vez, como os menos afortunados no país são os que mais sofrem com essas crises. Sem pode sair de casa para trabalhar, muitas pessoas estão desesperadas sem saber como sobreviver nos próximos meses, algumas até estão se arriscando e saindo para trabalhar. O mais intrigante é que os patrões dessas pessoas não abrem mão do funcionário e também não quer liberá-lo, oferecendo a garantia de seu salário. Ou seja, há muita desigualdade e falta de humanidade nas pessoas por aí.
Nem tudo são flores e nunca será, mas felizmente estamos contando com ótimas pessoas que estão fazendo sua parte e ajudando o próximo, então o recado final é: FICA EM CASA!
Assista ao filme aqui.
O Poço (El Hoyo, 2020)
Direção: Galdez Gaztelu-Urrutia
Roteiro: Aranzazu Calleja
Elenco: Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Ruan, Alexandra Masangkay