Resenha | Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa
por Suzzy Chiu
A minha felicidade foi enorme ao saber que a Companhia das Letras iria relançar essa obra prima Grande Sertão: Veredas, esse livro tem um lugar especial na minha vida.
Em 2006 quando prestei o vestibular na UFMG, um dos livros obrigatórios foi justamente a obra de João Guimarães Rosa e confesso que xinguei e achei um absurdo ter que ler um livro com mais de 600 páginas (depende da edição), sendo que tinha mil matérias para estudar e ainda mais outros quatro livros pra ler. Li sem saber do que se tratava e logo nos primeiros capítulos já notei um livro diferenciado, único e que me surpreendeu em todos os sentidos. Hoje só tenho a agradecer por ter lido e agora relido uma das obras mais importantes da literatura brasileira, sempre elogiada pela linguagem e pela originalidade de estilo presentes no relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.
Na história conhecemos Riobaldo, ele já mais velho e que se tornou um rico fazendeiro, mas que na verdade passou por maus bocados na época que era jagunço. Ele revive suas pelejas, seus medos, seus amores e suas dúvidas e acompanhamos principalmente seu amor reprimido por Diadorim, uma pessoa especial, que é o ponto alto da obra e que vai surpreender a muitos. Ressalto que a leitura não é das mais fáceis, a narrativa é longa e labiríntica, uma vez que não há divisão de capítulos e por serem lembranças de Riobaldo, ele vai e volta em várias histórias a medida que vai se lembrando dos casos.
Riobaldo é um personagem diferente, não vai ser um herói que somente faz o bem, afinal ele foi um cangaceiro, mas que tentou ser justo e que defendeu os seus valores e quem ele está com ele. Nessa obra de Rosa, “o sertão é o mundo” e ele tem várias formas de ser visto e sentido.
Sobre a nova edição, que é a mais linda que vi até hoje, vou deixar aqui a descrição do site da editora que melhor explica o diferencial da obra e que vale cada centavo investido.
Esta nova edição conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras.
A capa do volume é reprodução da adaptação em bordado do avesso do Manto da apresentação, do artista Arthur Bispo do Rosário, com nomes dos personagens de Grande sertão: veredas. O projeto gráfico conta ainda com desenhos originais de Poty Lazzarotto, que ilustrou as primeiras edições do livro.
Livro: Grande Sertão: Veredas
Autor: João Guimarães Rosa
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2019 (1956)
Páginas: 560
Publicado originalmente em 1956, Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, revolucionou o cânone brasileiro e segue despertando o interesse de renovadas gerações de leitores. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria.
Esta nova edição conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras.
A capa do volume é reprodução da adaptação em bordado do avesso do Manto da apresentação, do artista Arthur Bispo do Rosário, com nomes dos personagens de Grande sertão: veredas. O projeto gráfico conta ainda com desenhos originais de Poty Lazzarotto, que ilustrou as primeiras edições do livro.