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Filme: Simonal (2019)

Simonal (2019)
Direção: Leonardo Domingues
Roteiro: Victor Atherino
Elenco: Fabrício Boliveira, Isis Valverde, Mariana Lima,  Caco Ciocler e

O que vem a cabeça quando alguém fala – Simonal? Voz, swing, pilantragem, delator… Inegávelmente uma icônica personalidade brasileira nas décadas de 60 e 70, Wilson Simonal (1938-200), chega à grande tela em uma cinebiografia dirigida por Leonardo Domingues. Com Fabrício Boliveira como protagonista,  “Simonal”, faz um recorte sobre a Ascenção e queda de um grande showman, regada com boa música, ostentação e decisões equivocadas.

Início dos anos 60, Wilson Simonal (Fabrício Boliveira), tem o dom. Sua voz e seu swing, com uma dose de desembaraço, chamam atenção onde quer que passe. Integrante do grupo The Dry Boys, formada com seus amigos. Trabalham muito, mas não conseguem alcançar o sucesso. Ao se apresentarem no programa da TV Tupi, Clube do Rock, Simonal chama atenção de Carlos Imperial. Imperial, o Rei da Pilantragem, era um  grande produtor artístico, auxiliou o lançamento de grandes artistas como Roberto Carlos. Simonal, abraçou a oportunidade, se desligando de seu grupo e se tornando assistente de Imperial. Com isso, aprende mais sobre a indústria musical.

Ali aperfeiçoou suas habilidades de showman, adicionando a pilantragem á sua personalidade e controle do público. Conhece e se casa com Tereza Pugliese, e engata seus primeiros sucessos na rádio. Com uma maior exposição, chama a atenção da dupla de produtores Miele & Bôscoli, e começa a fazer shows no Beco das Garrafas, célebre conjunto de casas noturnas em Copacabana, palco de grandes nomes, como Elis Regina. A partir daí o céu é o limite. Em contato com grandes gravadoras e publicitários, comandou programas de TV, como Show em Si…Monal, se consolidando com sucessos como “mamãe açúcar em mim” e “País tropical”. Criador de um estilo próprio, Simonal era extravagante e divertido, dividindo atenção entre o estrelato e a família. Assinou, o que foi o maior contrato publicitário da época, com a empresa Shell e Criou a Simonal Produções Artísticas, alcançando a fama internacional. Com gastos sem medida, e ostentação em todos os sentidos, viu se falido e desesperado. Com uma crise no casamento, e suspeitas de desvio de dinheiro por meio de seu contador, Simonal entra em uma cadeia de escolhas duvidosas e erradas, tendo seu nome vinculado ao DOPS. Sua carreira e popularidade entram em declínio e os danos poderão ser irreversíveis.

Leonardo Domingues, tambem conhecido por seu trabalho na edição, é consistente. O filme inicia com longo plano-sequência que vai da Rua Duvivier passando por toda a casa de show Bottle’s no Beco das Garrafas. Passando pelo salão, bastidores e apresentação de Simonal, este aparece entre sombras, e vai para a luz. A dimensão de sua voz em meio a vaias e tumulto da plateia ilustre. Então um corte para o fundo preto e cravado em letras cintilantes, seu nome, Simonal.

Nada melhor do que uma abertura exibicionista e audaciosa para apresentar uma persona como Simonal. O roteiro de Victor Athelino dá voz ao cantor que caiu no ostracismo, fazendo uma apanhado de seus momentos mais marcantes e que fazem parte da cultura musical brasileira. Logo nos apaixonamos por um Simonal seguro e charmoso, que abraça decisão de seguir a carreira solo sem temer aprender. Na próxima fase nos apresenta o star. Um linda sequência em que Simonal a frente de seu programa ao vivo,  comanda a plateia a cantar em uníssono a canção Meu limão, meu limoeiro e se retira do palco. O som da canção embala um Simonal presunçoso e cativante até o boteco ao lado em que assiste seu próprio programa. A medida que a fama e as conquistas aumentam, os problemas conjugais também, até a consolidação em um Maracanãzinho lotado gritando por seu nome.

O mais esperado é também o mais frustrante, o episódio sobre o envolvimento com o DOPS em plena ditadura e até culminou com o fim de sua carreira. Para qualquer espectador,  ainda é difícil de compreender o que houve. O terceiro ato, tem sua narrativa acelerada e fatos são jogados a esmo. Nada é conclusivo ou aprofundado. O plot não acontece e o filme encerra como começou.

A utilização de notícias e informações para situar o expectador que desconhece a maioria dos fatos,  é bem acertado, e não deixa a narrativa arrastada. Já o uso de imagens originais da época, com o próprio Simonal, incomodam. E criam uma pequena confusão visual. Imaginem, uma linda representação do show no Maracanãzinho, Fabrício Boliveira em um grande momento em atuação, caracterização, mas não aconteceu.

Boliveira representa muito bem as fases de Simonal e dá corpo a voz, com olhares e trejeitos. O uso dos mais marcantes figurinos, ajudam a pontuar a evolução de Simonal e a demarcar tempo.  Isis Valverde, interpreta Tereza, e vai bem em suas fases, mesmo com o uso de uma peruca pouco confiável. Leandro Hassum como Carlos Imperial é um acerto. O longa ainda conta com Caco Ciocler, Mariana Lima e João Velho.

Anos após sua morte, acompanhamos 15 anos do primeiro popstar negro brasileiro e ainda é inconclusivo sobre o que levou o fim de sua carreira. E mesmo com alguns problemas é um filme bom de um ótimo artista que merece ser resgatado e conhecido.

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