Filme: “MA”

10 de junho de 2019 Colunista Convidado

MA (EUA, 2019)

Direção: Tate Taylor

Elenco: Octavia Spencer, Diana Silvers, Juliette Lewis, McKaley Miller, Corey Fogelmanis, Gianni Paolo, Dante Brown, Tanyell Waivers, Dominic Burgess, Heather Marie Pate, Tate Taylor, Luke Evans, Margaret Fegan Missi Pyle, Allison Janney, Kyanna Simone Simpson, Andrew Matthew Welch.

Sinopse: “Maggie e seus amigos, todos menores de idade, estão tentando descolar bebidas alcoólicas em um super mercado quando conhecem Sue Ann (Octavia Spencer), uma mulher adulta que usa sua identidade para ajudá-los. Além de fornecer as bebidas, ela decide oferecer sua casa para que eles organizem uma festa com o pessoal do colégio. Os eventos acabam se tornando uma rotina do grupo, até que os jovens começam a identificar um comportamento estranho da dona da casa, que se torna cada vez mais controladora e obsessiva.“(Cinemark)

Octavia Spencer estreia este longa na pele de Sue Ann, uma mulher gentil e carismática que oferece sua casa para um grupo de adolescentes realizarem festas e consumirem bebidas alcoólicas.
O filme se desenvolve de forma lenta e pode decepcionar o telespectador que espera por um terror cheio de sustos e carnificina. Na verdade, podemos retirar MA da prateleira de terror, e coloca-lo na de suspense e mistério. O filme propõe um entendimento da realidade de uma mulher adulta que nunca se curou dos traumas oriundos do bullying que sofrera em sua adolescência.

Um fato muito curioso sobre este longa, é que ele é apresentado de forma paralela, tanto na ótica da nossa “vilã” Sue Ann (Spencer), quanto da protagonista Maggie (Diana Silvers), que se muda com sua mãe Erica (Juliette Lewis), para uma pequena cidade dos Estados Unidos. Cidades pequenas normalmente dispõe de poucos eventos interessantes aos olhos dos adolescentes, o que leva Maggie e seus novos amigos a comprarem bebidas e realizarem festas escondidas, nas quais há muito consumo de drogas e álcool. Eles conhecem Sue Ann, quando Maggie a aborda na entrada de um mercadinho, pedindo que ela compre bebida pra eles, Sue aproveita da ingenuidade das crianças e as convida para beberem em sua casa.
Uma casual amizade surge entre Sue Ann e os adolescentes que começam a chama-la de MA. Ela festeja com os adolescentes como se tivesse a idade deles, e externa uma necessidade de compensar estes momentos que não pôde viver em sua adolescência. Quando os adolescentes começam a observar o comportamento dela, e decidem se afastar, ela se mostra cruel e segue numa busca implacável de vingança aos traumas e rejeições que sofreu em sua fase adolescente. Coincidentemente, Maggie e seus amigos são a geração das pessoas que praticaram bullying contra Sue Ann e que estudaram com ela na escola.

O interessante é que Sue Ann, não planeja como uma psicopata os atos de crueldade ou assassinato, este comportamento se intensifica quando os adolescentes a rejeitam, transformando Ma em uma típica vilã aferrada em sua missão de se vingar do que sofrera no passado. Este longa desperta no telespectador uma pilha de sentimentos, que vão do constrangimento e preconceito, ao medo e a empatia, propondo muita reflexão durante todo seu desenvolvimento.
Mais do que um filme de suspense, MA desenvolve uma fundamentação interessante e real abordando o bullying, que é um tema duro, polêmico e atemporal.
Particularmente, fiquei sem reação com o desenvolver dos últimos atos, e prefiro pensar que era exatamente esta a proposta dos criadores, uma vez que o bullying não tem final, ele apenas fica, e não há como saber o que acontece na mente de quem o sofreu.