“Versos Livres Como Nós” de Kinaya Black
Escritora cearense lança livro de poesias focado nas experiências de mulheres negras
A escritora Kinaya Black, pseudônimo de Gisele Sousa Santos, natural do Quixadá-CE, lança seu prmeiro livro “Versos Livres Como Nós”. A autora escreve poemas, contos e romances inacabados desde a infância. Sempre criou personagens negras como protagonistas, para sentir que ela mesmo estivesse se aventurando, mas o reconhecimento como escritora de literatura negra, só veio após a adolescência, quando passou pelo período de aceitação étnico racial e reconhecimento enquanto mulher negra.
“Versos livres”, como nós é uma coletânea de poemas afrocentrados, focados nas experiências da negritude feminina, vindos da inspiração de diversas vozes que não querem mais ter sua negritude apagada. Dividido em três partes, EXISTÊNCIA, que apresenta poemas gerais sobre o cotidiano, ESSÊNCIA, o ser feminino e seus altos e baixos na busca de se encontrar, e
CONVIVÊNCIA, as idas e vindas da busca pelo sentir-se amada, aborda obre a sexualização do corpo negro, a solidão da mulher negra, a construção de uma identidade, a resistência aos padrões opressores e o amor ao próprio ser.
Atualmente a jovem autora dedica-se à produção literária no meio digital, onde publica contos na plataforma sweek, e poemas em sua página no tumblr. Aos 23 anos, está concluindo a graduação em letras inglês na Universidade Estadual do Ceará (FECLESC/UECE). É ativista do movimento negro com forte atuação em escolas e espaços públicos, onde realiza atividades que promovem a conscientização e a representatividade negra.
Tem a escrita como mais uma das formas de resistência contra o sistema racista e sexista brasileiro, que insiste em perpetuar discriminações em nossa sociedade. Participa de alguns projetos que disseminam cultura e conhecimento para além de sua região, como a participação no Ciente- Núcleo de Divulgação Científica da UECE/FECLESC, onde é criadora de peças digitais e editora audiovisual e por quatro anos foi produtora do Encontro de Leitores do Sertão Central, maior evento literário do interior do Ceará.
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Pra ninguém ficar morrendo de vontade, deixamos uma amostra pra vocês:
O que eu sou pra você?
O que eu sou pra você?
Sério!
Que coisa eu sou?
Para você me usar
Guardar
Usar novamente
Na hora que quer
No dia que convém
Do jeito que prefere
24 horas depois
Nem lembra
Do que eu fui
na noite passada
Se eu sou alguém,
Não sei.
Pois eu só tenho
Esse tipo de relação
Com objetos.
Lugar de fala
Não vou pedir pra falar
Em um lugar de fala
Que é meu
Vou estar presente
Em todos os lugares
Uma entidade
Assombrando
Quem ousar
Roubar
Minha voz
Ingratos
Não enxergam
O tanto que já levaram
E continuam levando
De nós.