CinemaCríticasLançamentos

Filme: “Green Book”

Green Book (EUA, 2018)

Direção: Peter Farrelly

Roteiro: Nick Vallelonga, Brian Currie, Peter Farrelly

Elenco: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Sebastian Maniscalco, Dimiter D. Marinov, Mike Hatton

 

Apresentação: 1962. Tony Lip (Viggo Mortensen), um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca, o Copacabana, fechar as portas. Ele conhece um um pianista e quer que Lip faça uma turnê com ele. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam.

 

Baseado numa história real, “Green Book” (Peter Farrelly, 2018) se passa no início dos anos 60 e relata a trajetória de dois personagens totalmente diferentes. Eles têm que conviver juntos durante oito semanas. Tony Lip (Viggo Mortensen) é um italiano desbocado, ignorante e racista que é contratado pelo intelectual, classudo e grande músico, negro, Don Shirley (Mahershala Ali) para levá-lo numa turnê pelo sul do país. O percurso traz situações que estão muito ligadas à situação dos Estados Unidos da América naquela época: a segregação racial. Neste período os negros não podiam comer nos mesmos restaurantes que brancos – independente de sua situação financeira -, eram-lhes impostos banheiros do lado de fora de estabelecimentos e até mesmo um Green Book, guia de viagens para pessoas negras, que dá nome ao filme.

Com apenas o que foi supracitado já podemos esperar cenas conflituosas e diálogos pesados durante a trama, por se tratar da tensão da questão racial dos EUA, nos anos 60. O filme decepciona nesse quesito, por abordar apenas a história de amizade e aprendizagem dos personagens, trazendo a memória o filme “Intocáveis” (Olivier Nakache, Éric Toledano, 2011).

O longa-metragem não se aprofunda muito na questão social do país na época, mesmo se tratando de uma relação entre um branco racista e um negro. Ele traz cenas que refletem a segregação racial, mas nos desaponta por trazer um tema tão pesado com um jeito leve, humorado e sutil. Talvez esse verniz não faça jus aos problemas intensos que a população negra viveu naquele período.

Há uma cena inicial em que mostra claramente que o personagem de Mortensen é um sujeito racista, mas o resto da trama alivia o lado dele trazendo um sujeito brincalhão, espertalhão, mas aparentemente sem maldade no coração. Já o personagem de Ali, Shirley, é um sujeito com status social, intelectual e financeiro bem mais elevado que Tony Lip, mas se mostra um tanto  arrogante e até mesmo preconceituoso ao não ter interesse em sua história de origem. Há cenas em que Tony “ensina” para patrão sobre sua própria cultura. Shirley se torna o personagem chato e sem graça, trazendo uma certa anulação do racismo que Tony nos apresenta no início do filme.

Apesar dessas estratégias, do roteiro, que aliviam um pouco a situação real dos preconceitos e do contexto abordado, a história nos mostra a construção e desconstrução dos indivíduos que, apesar de todas as muitas diferenças, conseguem colher, aprendendo com os defeitos e dificuldades um do outro. É um filme que poderia ser mais reflexivo e forte, mas deu preferencia à sutileza, leveza e cativação da história, o que faz com que se torne um filme típico de “Domingo Espetacular” fazendo com que a sua indicação ao Oscar como melhor filme ainda não me convença.

 

Trailer Oficial:

https://www.youtube.com/watch?v=NwyeDErhF2Y&t=4s

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.