LivrosResenhas

Livro: Mensageira da Sorte – Fernanda Nia

Título: Mensageira da Sorte 
Autora: Fernanda Nia
Ano do lançamento da edição: 2018
Páginas: 424
Editora: Plataforma 21
Onde Comprar: Amazon

Em pleno Carnaval carioca, durante uma confusão em um protesto contra a AlCorp – uma corporação que controla o preço dos alimentos e medicamentos no país – Cassandra Lira, ou Sam, passa a ser uma mensageira temporária no Departamento de Correção de Sorte (DCS), uma organização extranatural secreta incumbida de nivelar o azar na vida das pessoas. Para manter esse equilíbrio, os mensageiros devem distribuir presságios de sorte ou azar para alguns escolhidos. O primeiro “cliente” de Sam é justamente o seu vizinho e colega de classe, Leandro. O garoto é um youtuber em ascensão e a ajuda dela, na forma de uma mensagem sobre nada menos que paçocas, impulsiona Leandro a fazer um vídeo que o levará para o auge da fama. O que Sam não sabe é que o rapaz também é um ávido participante dos protestos contra os abusos da AlCorp, comprometido a expô-los em seu canal, independentemente dos riscos que possa correr, e a garota se vê obrigada a usar a sorte do DCS para protegê-lo. Mesmo que não entenda por que foi escolhida para trabalhar para o Destino, logo ela se vê no meio de uma rede de intriga, corrupção e poder. Ainda lidando com a culpa pela morte do próprio pai e com seus sentimentos por Leandro, Sam embarcará na jornada de desmascarar a quadrilha que está deteriorando o sistema da Justiça, tanto a natural quanto a extranatural, e fazer com que a balança do Destino se equilibre outra vez.

Para um primeiro romance YA de Fernanda Nia e uma primeira publicação nacional da Plataforma 21, só posso dizer uma única palavra: Parabéns! Todo o enredo trata nada mais, nada menos do que uma fantasia urbana que se passa na cidade do Rio de Janeiro, que traz em reflexão um assunto contemporâneo, os protestos populares, explorando profundamente cada personagem e sua mensagem ao leitor.

Cassandra Lira, ou Sam, como conhecemos dentro do enredo, é uma garota de dezessete anos, perdeu seu pai em um dos protestos em pleno carnaval na cidade do Rio de Janeiro contra uma megacorporação, a AlCorp ( os motivos conhecemos na leitura). A mesma está controlando tudo e reprimindo toda a população, deixando as pessoas sem chão. Sam se sente culpada pela morte do pai, passando por uma depressão e grandes ataques de pânico presa no recorrente conflito.

Como acontece até com nós, ela estava em um lugar errado, em um dia errado, em uma hora errada, ou vice-versa e fica encarregada de uma grande missão, meio que fora do natural, ela precisa tornar-se uma mensageira temporária do Departamento de Correção da Sorte (DCS), esse departamento distribui conselhos para que ajudem, equilibrem o nível de sorte e azar nas pessoas. Loucura, não? E sua primeira grande missão é enviar uma mensagem para Leandro, um habitante de seu prédio onde mora e que também estuda em sua escola, iniciando aqui uma amizade que ao longo se intensifica.

Não nego que de início podemos nos perder, como aconteceu comigo, mas na metade do livro tudo passa rápido e nem vemos as horas. Na medida que a amizade de Sam e Leandro se estreita e percebemos as conexões que ligam o garoto com os protestos e a AlCorp, com o próprio Destino, as coisas ficam tensas. E a nuvem em nossa cabeça acaba ganhando forma deixando a leitura mais gostosa. O romance chega com grandes dilemas e muitos obstáculos, fora lutas. Sam foi muito bem construída pela autora, percebemos seu crescimento, enfrentando seus medos e a busca de descobrir o que realmente quer ser e fazer de sua vida. Os protestos envolvem uma dimensão social, que vai muito além da personagem, acredito que a autora queria levantar uma parte de nosso país, quando somente juntos temos voz ativa, mesmo que tenha consequências alarmantes. A mudança depende de nós!

A fantasia não fica escondida, o DCS nos envolve muito, a personagem não fica sabendo de nada antes da hora, ampliando mais para o final o escopo da coisa. Eu fiquei meio pensativo nessa parte! Como que Nia conseguiu desenvolver.  A mãe de Sam, é muito realista, se amam muito, mesmo que Sam sinta-se culpada pelo trabalho que ela tem dado.

 A narrativa é em primeira pessoa, apresentando um humor e sarcasmos em diversas partes do livro que pode fazer o autor rir em algumas partes. Há também referências contemporâneas como havia dito, mas que nada que atrapalhe todo o conteúdo. No meio de personagens complexos, gostei muito dos conflitos sociais. A leitura terminou sendo prazerosa e muito cativante entender esse mundo da autora.

A edição da editora Plataforma 21 ficou muito caprichada com pinceladas na capa do que iremos encontrar no livro. O cuidado com a diagramação dos capítulos muito bem feitos.

Fico ansioso para um próximo livro da autora, acredito que vou ainda muito surpreender!

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.