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Livro: Espere agora pelo ano passado- Philip K. Dick

Título: Espere Agora Pelo Ano Passado

Título original: Now Wait for Last Year
Autor: Philip K. Dick

Tradutor: Braulio Tavares
Ano do lançamento da edição: 2018
Páginas: 296
Editora: Suma de Letras
Onde Comprar: Amazon


O dr. Eric Sweetscent está em apuros. Seu planeta está enredado em uma guerra intergaláctica; sua esposa é letalmente viciada em uma poderosa droga com efeitos colaterais estranhos; e seu novo paciente não é apenas o homem mais importante da Terra, como talvez o mais doente. Em meio a uma crise interplanetária, onde nada é exatamente o que parece, Eric se torna o médico pessoal do secretário geral Gino Molinari, que transformou suas misteriosas doenças em um instrumento político — e Eric já não sabe se seu trabalho é curá-lo ou apenas mantê-lo vivo. Navegando entre o impossível e o inevitável, Philip K. Dick nos apresenta um futuro onde a realidade é uma superfície terrivelmente tênue, multifacetada — e faz com que o leitor repense tudo o que sabe sobre o tempo. (Resenha: Espere Agora pelo Ano Passado – Philip K. Dick)

“Não há limites para a ficção científica” é das afirmações mais clichês e assertivas disponíveis. Particularmente, essa é uma das características do gênero que mais entusiasma. Mas é provável que isso seja o sinônimo de todo o conjunto de trabalhos de Philip K. Dick. Putz, que autor !

Aparentemente o tema mais forte é o tempo, contudo PKD consegue dar um trato totalmente voltado para a identidade do homem. Tendo como pano de fundo um político importante, cujas ações estão inseridas em uma teia de possibilidades que repercute em contexto de crise interplanetária.

Mas esse não é um livro fácil. É corajoso como PKD não facilita a vida do leitor, não concedendo firulas para agradar, exigindo atenção como se nós que estivéssemos a serviço da história e isso não é uma pretensão em ser cult. A história em si apenas não é fácil. O personagem principal manipula o curso de nações, sua vida pessoal interfere nesse processo na figura da esposa problemática, novas drogas capazes de fazer o irrealizável surgem e, para apimentar tudo, o tempo é usado como personagem coadjuvante.

Ações podem ser decididas antes de acontecer ou o agora não é mais fruto do ontem. Como um paradoxo, o tempo é esse contraditório que permite o questionamento de assuntos complexos. É óbvio que essa habilidade em discutir fora da caixa não é atributo exclusivo da ficção cientifica. Mas o grande barato do gênero é ir além da problematização e criar realidades palpáveis a nossos olhos e imaginação. Muitas das vezes quanto mais tangível é esse gênero, mais irreal e sedutora ela consegue ser ao mesmo tempo.

PKD construiu um universo vigoro e não é para menos, sua habilidade com a ficção científica era de longa data com obras importantes onde algumas foram adaptadas e mudaram a própria história do cinema. É interessante que o personagem principal Eric como ‘governante’ do planeta terra pode interferir no universo, aproximando a ideia de que por mais que façamos parte de um espaço imensurável, nossa insignificância consegue trazer uma ação em cadeia capaz de atingir o mais distante dos recônditos do multiverso. É algo que faz sair fumaça da cabeça, mas é genuinamente belo e fraterno.

Vitor Damasceno

Estudante de cinema atualmente vivendo em Buenos Aires.

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