Filme: “A Pé Ele Não Vai Longe”
A Pé Ele Não Vai Longe (Don’t Worry, He Won’t Get Far On Foot. EUA, 2018)
Direção e roteiro: G u s V a n S a n t
Elenco: Joaquin Phoenix, Jonah Hill, Rooney Mara, Jack Black, Carrie Brownstein, Emilio Rivera, Udo Kier, Mark Webber …
Compositor: Danny Elfman
Diretor de fotografia: Christopher Blauvelt
Produção: Iconoclast, Anonymous Coutent, Big Indie Pictures.
Distribuidor brasileiro: Diamond Films
Sinopse: Trilhando o difícil caminho da sobriedade depois de ter sofrido um acidente que mudou sua vida, John Callahan (Joaquin Phoenix) descobre o poder curativo da arte. Desejando que suas mãos feridas deem vida a desenhos divertidos, sempre polêmicos e que lhe tragam uma nova oportunidade na vida.
A vida é um absurdo. De modo geral, somos incapazes de entendê-la. Se não bastasse isso muitos vivem uma vida inteira atrapalhados pelo tempo que é outro personagem implacável e silencioso. Essas poucas frases metidas poderiam ser um resumo (precário) do alcance que o novo filme do premiado e respeitado diretor Gus Van Sant nos proporciona.
Não espere um absoluto filme cult. Muito menos espere o dramalhão das estrelas ou aqueles filmes feito para apenas um ator e que acaba mais nos cansando que divertindo. Escolha minha alternativa preferida: vá na fé, sem expectativas. E preste atenção no que os personagens falam e em cada detalhe que seus rostos pintam.
John Callahan, um homem boêmio por convicção (e talvez por necessidade) é atropelado pelo caminhão da invalidez. Mas a cadeira de rodas é na realidade quem permite que ele conheça a si, que veja a beleza na mulher misteriosa e assim consiga efetivamente viver mais intensamente que quando caminhava com suas pernas. Por isso, a pé ele não vai longe.
É difícil lhe convencer da importância das pessoas envolvidas nesse filme e na capacidade de cada uma em dar o seu melhor. John é vivido pelo brilhante e intenso Joaquin Phoenix. A mulher misteriosa é interpretada pela tão mais misteriosa Rooney Mara. A medida que o tempo vai passando vários outros personagens entram na vida de John com tudo, com olhares críticos, mas o seu padrinho responsável pelas sessões de terapia em grupo é o tipo de personagem que carrega o mundo no olhar, redefinindo a ideia de coadjuvante.
É fato que o diretor é grande responsável por esses resultados ao mesmo tempo que consegue errar em não mostrar mais das historias dessas pessoas.
Existe uma cena dolorosa em que John julga seus colegas na primeira sessão de terapia, mas o fato deles mostrarem estar mais ferrados que ele talvez não é o que mais chama atenção. Ficamos querendo saber mais, porque aquelas dores são muito reais, e talvez você perceba que realmente cada pessoa carrega uma epopeia pessoal cheia de dramas ou dores e ninguém se importa com isso.
O espetáculo emocional sem ser piegas que esse filme nos proporciona nos faz até esquecer que John encontrou sua verdade: a de ser uma esponja do mundo usando a arte dos desenhos para imprimir sua percepção extremamente ácida e engraçada do mundo ‘real’.
Nota: 5,2 de 5
Trailer Oficial: