Resenha: Quem Tem Medo do Feminismo Negro? – Djamila Ribeiro
Quem Tem Medo do Feminismo Negro?
Autora: Djamila Ribeiro
Ano de Lançamento: junho/2018
Páginas: 152
Editora: Companhia das Letras
Um livro essencial e urgente, pois enquanto mulheres negras seguirem sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo.
Há na contemporaneidade a urgência de conhecermos outros pontos de vista, além dos que já nos foram oferecidos. Após anos de apagamento de grupos étnicos, pautas relacionadas a identidade, racismo, xenofobia, dentre outras discriminações passam a ser amplamente discutidas. Diante disso, o grupo Companhia das Letras, lançou em junho o livro “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?” da escritora Djamila Ribeiro. Nesse volume há a coletânea de seus artigos, publicados no blog da revista Carta Capital, veiculados entre os anos de 2014 e 2017.
Esses textos abordam as múltiplas faces do racismo em nosso país. Considerado inexistente ou vitimização para alguns, nos textos da autora, podemos entender que a origem desses atos está diretamente vinculada a nossa construção cultural. Um país que manteve o regime escravocrata por mais de 3 séculos e que não possibilitou aos escravizados a possibilidade de reintegração social carrega em sua estrutura rastros dessas mazelas.
Djamila Ribeiro
Nasceu em Santos, em 1980. Mestre em filosofia política pela Unifesp e colunista on-line da revista CartaCapital, foi secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Coordena a coleção Feminismos Plurais, da editora Letramento, pela qual lançou o livro O que é lugar de fala (2017).
No capítulo de abertura, Djamila relata sua experiência de vida, apontando a conflituosa relação que uma pessoa negra tem com a sua identidade. O apagamento da imagem do nosso povo, os estereótipos, machismo, subemprego e marginalização são alguns dos muitos pontos tocados por Djamila no decorrer do livro.
Conceitos como o de empoderamento e feminismo negro são destrinchados por Ribeiro, ao longo de “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?”, de maneira que até o mais leigo consiga entender do que se trata. Ela aponta casos de racismo em diferentes épocas, no país e cita fatos que tiveram visibilidade em outras partes do mundo, como as ofensas proferidas contra a tenista Serena Williams ou contra a jornalista Maju Coutinho.
A autora também cita o nome das militantes e pesquisadoras que influenciaram seu pensamento, como: bell hooks, Grada Kilomba e Patricia Hill Collins. Também temos a oportunidade de entender como a fetichização da pobreza e dos corpos negros, vendidos midiaticamente como miseráveis, perpetuam um discurso que marginaliza a maior parcela da população do país devido a cor da sua pele.
“Quem Tem Medo do Feminismo Negro?” é uma das leituras essenciais para que rompamos com toda uma estrutura de opressão que deprime, violenta e mata pessoas negras.
Assista aqui a leitura de trechos de “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?”
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