Crítica “O Banquete”
Título: O Banquete (Brasil, 2018)
Direção: Daniela ThomasRoteiro: Daniela Thomas
Elenco: Drica Moraes, Mariana Lima, Caco Ciocler, Rodrigo Bolzan, Fabiana Gugli, Gustavo Machado, Chay Suede, Bruna Linzmeyer, Georgette Fadel
Fotografia: Inti Briones
Direção de arte: Valdy Lopes Jn
Montagem: Daniela ThomasNeste banquete, onde jogos de poder e erotismo estão colocados à mesa, a vida dos convidados serão transformadas para sempre. Entre eles está o poderoso editor de uma revista, que celebra seu aniversário de casamento. Ele pode ser preso nesta noite, já que escreveu uma carta aberta com graves denúncias contra o presidente do país.
Em seu novo filme “O Banquete” (2018), a diretora Daniela Thomas mais uma vez faz recorte de um momento histórico de nossa País. O longa se passa no inicio da década de 90, mas precisamente durante o primeiro governo federal eleito por voto popular após décadas de regime militar. O novo governo democrático foi chefiado por Fernando Collor de Mello, que derrotou Luis Inácio Lula da Silva nas eleições de 1989. Lula se tornou presidente somente em 2003, governou por dois mandatos e fez sua sucessora Dilma Rousseff que, em 2016, no inicio de seu segundo mandato, foi impedida de governar. Devido a inúmeras denúncias de corrupção em 1992, Collor renuncia a presidência.
Mesmo em um governo democrático instaurado na década de 90, ainda valia uma lei com regras autoritárias a respeito de liberdade de imprensa e ao exercício da profissão de jornalista. A trama do filme gira em torno de Mauro (vivido por Rodrigo Bolzan) editor chefe de uma importante revista no país que escreve uma carta aberta sobre o governo do na época impopular presidente em exercício (referencia implícita ao governo Collor). O político processa Mauro, que por sua vez, fica com receio de ser mandado pro Carandiru, caso seja preso. Ao longo do filme o personagem de Balzon reclama pelo celular com um tal de “Neves” a respeito de pagar “uma fortuna” para seus advogados.
Mesmo sendo ambientado na década de 90 o filme de Thomas permanece muito atual e ao longo de quase 2 horas a diretora faz um retrato da elite, mas especificamente da esquerda, do país. Em um jantar entre amigos/ inimigos não só percebemos status quo desse grupo como também seus modos modus operandi enquanto classe abastada e privilegiada. Há um ótimo trabalho de fotografia e iluminação executado por Inti Briones, onde ele privilegia a dramaticidade dos personagens. A paleta de cores utilizadas também contribui para estado de solidão e desespero dos personagens. O filme peca um pouco na edição de som onde falas importantes são ditas quase que em sussurros prejudicando um pouco no entendimento da trama.
Nota 3,5/5″
Trailer Oficial: