Resenha | A Origem do Mundo
A ORIGEM DO MUNDOUma história cultural da vagina ou a vulva vs. o patriarcadoTítulo original: KUNSKAPENS FRUKT
Autora: Liv Strömquist
Tradução: Kristin Lie Garrubo
Páginas: 144
Acabamento: Brochura
Lançamento: 22/06/2018
ISBN: 9788535930689
Selo: Quadrinhos na CiaPor que as sociedades alimentaram uma relação tão esquizofrênica com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro genial, catártico e absolutamente necessário.
Quebrar os tabus e paradigmas que existem, até hoje, associados ao corpo feminino, se faz cada vez mais necessário. Em “A Origem do mundo ou Uma história cultural da vagina ou a vulva vs. o patriarcado” a sueca Liv Strömquist faz um apanhado sobre assuntos ligados a vagina e a sexualidade feminina, na história.
Passando por todos os períodos, da antiguidade aos tempos contemporâneos; áreas de estudo, ciências biológicas à filosofia e; famosos teóricos, a autora explicita que as ideias que carregamos sobre o corpo feminino vêm de achismos ou da falta de interesse em dar informações exatas. O leitor, perceberá que ao longo da HQ, que interesses políticos, culturais e religiosos, influenciaram na ideia que concebemos até hoje do corpo de uma mulher como algo frágil.
De maneira irônica Liv questiona sobre a representação da vagina que, quando ilustrada, parece infantilizada e genérica. Ou de como mulheres que não se adequam a certas posturas são tidas como subversivas. Ou, ainda, de como ao longo dos anos, assuntos que eram livremente debatidos – como o desejo sexual – foram apagados das conversas e ressignificados, ao ponto de perderem seu valor.
As ilustrações da Graphic Novel, complementam o texto, recheado de informações dos locais em que Liv fez sua pesquisa e de muito bom humor. O importante é ler ao texto de cabeça aberta, se atendo para informações que muitas vezes não estão ao nosso alcance. Ao fim do texto, vamos perceber que o que importou ao longo dos tempos foi tentar minimizar nosso poder, autoestima e amor próprio em busca de cordeiros adestrados, que não questionassem.
Ainda bem que algumas de nós optam por não se calar. Que a voz – e a pesquisa, crítica, escrita – de Liv Strömquist ainda ecoe muito. E que tenhamos a capacidade de ler, interpretar e analisar de maneira crítica.