Resenha: Black Hammer. Origens Secretas – Volume 1 – Jeff Lemire, Ormston Dean, Stewart Dave
Livro: Black Hammer: Origens Secretas
Série: Black Hammer #1
Autores: Jeff Lemire, Ormston Dean, Stewart Dave
Editora: Intrínseca
Páginas: 184
No passado, eles salvaram o mundo, mas agora levam vidas medíocres em uma cidade rural fora dos limites do tempo. Não há como fugir, mas Abraham Slam, Menina de Ouro, Coronel Weird, Madame Libélula e Barbalien tentam empregar suas habilidades extraordinárias para se libertar desse incomum purgatório. Obrigados a disfarçar seus poderes, sua natureza e suas origens aos olhos dos habitantes locais, eles personificam uma típica família disfuncional, tentando criar para si uma vida normal.
Longe de seus dias de glória, um grupo de super-heróis vive encerrado em uma fazenda misteriosa, situada em um ponto qualquer do espaço e do tempo. Suas vidas se encontram em suspensão, à espera de um sentido e em busca de respostas. Por outro lado, em algum lugar, as manchetes dos jornais exaltam esses que foram os salvadores de Spiral City e, em teoria, morreram ao derrotar o Antideus.
Abraham Slam, um desses vingadores decadentes, acaba sendo a figura patriarcal que mantém unida essa família problemática, formada pela Menina de Ouro, heroína presa no corpo de uma criança de nove anos, a sombria Madame Libélula, o marciano Barbalien e dois personagens bastante inspirados nas ficções científicas de antigamente: o robô Talky-Walky e o transtornado Coronel Weird.
Este primeiro volume, “Origens Secretas”, contém seis dos fascículos originais publicados pela Dark Horse Comics e nos apresenta os poderes de cada herói juntamente com as frustrações e limitações que eles trazem a cada um. Para a Menina de Ouro, espécie de Shazam às avessas, já se fazem dez anos em que a palavra mágica perdeu seu efeito e ela não pode retornar a seu corpo original, por exemplo.
No entanto, apesar de certa melancolia e algum incômodo pela situação, a leitura é fluida e conseguimos facilmente criar empatia com os protagonistas. O fato de estarem em um limbo não os impede de dedicar tempo a objetivos pessoais ou, até mesmo, se apaixonar – e pense no desconforto que é para um senhor de idade ser pressionado por sua jovem namorada a conhecer sua família, especialmente quando se trata de um lar tão peculiar…
Talvez o paralelo mais óbvio de Black Hammer seja com Watchmen, pelo fato dos super-heróis serem retratados em sua falibilidade, tentando lidar com as consequências físicas e psicológicas do passado e a sensação de vazio e impotência do presente. Para mim, é uma graphic novel que merece muita atenção e cuja continuação já aguardo com ansiedade! Tanto as ilustrações quanto a cartela de cores utilizadas conferem uma ambientação bastante verossímil e intrigante. Além disso, as últimas páginas trazem estudos de composição dos personagens e fichas técnicas de cada um deles, o que enriquece ainda mais a experiência de leitura. Ótima surpresa deste ano!