Crítica “7 Dias em Entebbe”
7 Dias em Entebbe (7 Days in Entebbe, 2018)
Diretor: José Padilha
Roteirio: Geoffrey Burke
Elenco: Rosamund Pike, Daniel Brühl, Lior Ashkenazi, Eddie Marsan, Nonso Anozie, Ben Schnetzer
Diretor de Arte: Lula Carvalho
Montador: Daniel Rezende
O Filme “7 dias em Entebbe” é um thriller político, baseado em fatos reais, dirigido pelo cineasta José Padilha. Em junho de 1976, dois revolucionários alemães e dois revolucionários palestinos sequestraram um avião da Air France de Tel Aviv para Paris e o encaminham para o aeroporto de Entebbe, Uganda, para exigir a libertação de 52 presos políticos.
O filme começa com uma surpreendentemente performance de dança moderna do grupo Batsheva Dance Company. O diretor foi corajoso ao escolher a dança. Uma improvável linha narrativa, para um filme de ação sobre negociação e manobras militares entre israelenses e palestinos na década de 1970. Padilha fez um equilíbrio delicado de coreografia e caos, de idéias e ações.
A dança tem um lugar de destaque no enredo, pois alem de funcionar com fio condutor para uma subtrama, ela também é um elemento emocional e simbólico, representando sensações de ansiedade e caos, bem com a mentalidade da população diante do posicionamento do governo israelita. Enquanto os dançarinos lutam com as cadeiras e as roupas em uníssono, uma dançarina cai e se levanta sucessivamente. Ela não pode – ou não vai – entrar em formação com o grupo. Padilha volta a essa performance em diferentes momentos do filme inclusive no clímax.
Independentemente do personagem ou cenário, todo o visual é banhado em uma luz evocativa, quente e chamativa. O roteirista Geoffrey Burke entrelaça de forma inteligente os acontecimentos no terminal em Uganda onde o ditador Idi Amin (Nonso Anozie) se mostra feliz apenas pela exposição na mídia. Bem como a angústia política em Jerusalém entre o primeiro-ministro Yitzhak Rabin (Lior Ashkenazi) que “luta” por poder com o ministro da Defesa, Shimon Peres (Eddie Marsan). Mas, grande parte da história se concentra na situação moralmente complexa dos dois seqüestradores alemães Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike) e Wilfried Böse (Daniel Brühl).
Assolado pela culpa, Böse proclama: “Eu não sou nazista!”, mas ele é um alemão sequestrando judeus. Sua contraparte, Brigitte, é muito mais dura e não tem medo de usar a violência com seus reféns. Pike está um assombrosa em seu desempenho. Sua personagem é distante e feroz. Porém, em um dado momento, essa ferocidade dá espaço a fragilidade. Brühl entrega um sequestrador silencioso e intenso, é bem idealista contrapondo a sua colega.
A mensagem que fica ao assistir “7 dias em Entebbe” é que sem negociação, sempre haverá guerra. É comovente e poderoso considerar as maneiras pelas quais as negociações entre israelenses e palestinos reverberaram durante as vidas e carreiras de Rabin e Peres, juntamente com os séculos de conflito no Oriente Médio. O filme nunca nos permite esquecer esse legado.
Nota: 5/5
Assista aqui ao trailer:
Adoro filmes de ação e guerra mas o que mais me fez querer ver esse filme foi a questão do diretor ter usado a dança como elemento para entender melhor a trama. Ao mesmo tempo o filme não perde seu lado sombrio entre os sequestros e conflitos dos personagens uma mais frio outro nem tanto porém parceiros com o mesmo proposito.
Filmes que buscam retratar esses momentos históricos mais violentos sempre me deixam reflexiva. Ainda mais quando eles vão além da fronteira ação e entretenimento. Pelo que vejo, Padilha soube muito bem dosar o assunto e ainda soube trazer elementos riquissimos para á trama como a dança e o momento do caus.
Ahhh achei tão verdadeiro quando você diz que a reflexão que fica é a de que sem negociação, sempre haverá guerra. Um bom ponto para pensar e um bom filme para assistir.