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Crítica “A Melhor Escolha”

A Melhor Escolha  (The Last Flag Flying, 2017)
Diretor: Richard Linklater
Roteiristas: Richard Linklater, Darryl Ponicsan
Elenco: Steve Carell , Bryan Cranston, Laurence Fishburne,
Yul Vázquez , J. Quinton Johnson, Cicely Tyson
Direção de Fotorgrafia: Shane F Kelly
Direção de Arte: Gregory A. Weimerskirch
Montagem: Sandra Adair

Em 2003, 30 anos depois da Guerra do Vietnã, o ex-médico da Marinha Richard “Doc” Shepherd (Steve Carell) reune-se o ex-Marines Sal (Bryan Cranston) e Richard Mueller (Laurence Fishburne) em um tipo diferente de missão: enterrar o filho do Doc, um jovem marinho morto na Guerra do Iraque. Doc decide abandonar um enterro de pombas e glorias no Cemitério de Arlington e, com a ajuda de seus antigos amigos, leva o caixão em uma viagem até sua casa no suburbano de Nova Hampshire, localizada na Costa Leste.  Ao longo do caminho, Doc, Sal e Mueller relembram e aceitam memórias compartilhadas da guerra que continua a moldar suas vidas.

O diretor Richard Linklater e o autor Darryl Ponicsan colaboraram no roteiro que segue o trio, de combatentes,  enquanto lutam com as dores de guerra do passado como do presente. Linklater (“Boyhood”) é um cineasta veterano e experiente que consegue encontrar o equilíbrio certo entre comédia e drama. O filme é baseado no romance de Ponicsan, uma seqüência de seu livro de 1970, The Last Detail (A Última Missão em tradução livre para o português),  adaptado para o cinema pelo diretor Hal Ashby e estrelado por Jack Nicholson.

Linklater trabalha momentos de leveza e humanidade tanto na historia quanto em seus personagens. O longa, uma última análise, é uma história sombria e comovente sobre as provações que a vida lança em nosso caminho e, sobre como nos movemos com uma pequena ajuda de nossos amigos. É também um lembrete importante sobre as “verdades” de guerra que nos são contadas.

O destaque para essa  road movie são justamente as atuações. O espectador consegue esquecer os atores e se vê diante de três amigos que a muito tempo não se viam e se reencontraram em situação dolorosa, que é o  luto. “Doc” Shepherd (Carell), Sal (Cranston) e Richard Mueller (Fishburne) são homens muito diferentes. Ainda estão lutando para chegar a um acordo com suas experiências compartilhadas de guerra tanto do Vietnã quanto a do Iraque. “Doc” Shepherd, recentemente viúvo, é um pai duplamente em luto que contem suas emoções. Enquanto Sal é um velho alcoólatra, amargurado, trapaceiro e rebelde que mantém o filme funcionando. Já Mueller é um homem reformado, um pastor honesto que revela ter mais do que um pouco de medo de seu antigo eu.

Bryan Cranston é o destaque – maravilhoso – como Sal, o dono de uma personalidade maior do que a vida, uma língua ferina e um bar maldito. O desempenho de Cranston poderia facilmente ter superado o filme, mas o diretor Richard Linklater fez com que a atuação dele fosse equilibrada e complementada por Fishburne e Carell. O ator J. Quinton Johnson também oferece um ótimo desempenho como um jovem soldado amigo do filho de Doc, que se encarregou de acompanhar seu corpo.

Nota: 5/5

2 comentários sobre “Crítica “A Melhor Escolha”

  • Gostei, acho que tenta mostrar as dores da guerra enfatizando já na ideia central de levar o corpo de um combatente morto no Iraque. Foram duas guerras diferentes e acho que o fato de tentar fazer um enterro digno desse jovem reaproximou esses 3 amigos dando a oportunidade de relembrarem o que viveram no Vietnã.

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  • Vejo que a dor foi muito bem expressa nesse filme, tendo atuações extremamente bonitas, singelas e fortes. Acho que isso deve dar um ar mais que especial a essência do filme, que chega a ter um pano de fundo bem delicado. Enfim, espero ver algum dia.

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