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Crítica “A Menina Só” – #52FilmsByWomen

A Menina Só (2016)
Duração: 11 minutos
Direção: Cíntia Domit Bittar
Roteiristas: Cíntia Domit Bittar, Ana Paula Mendes. Maria Augusta V. Nunes
Elenco: Gabriele Bittar, Luciano Brandenberger, Azeitona
Trilha Sonora: Mateus Mira
Direção de fotografia: Marx Vamerlatti, Cíntia Domit Bittar
Edição: Cíntia Domit Bittar

Na chácara onde vive, em meio às araucárias, a menina desafia a presença imponente de seu pai e entra no velho paiol, onde se depara com uma verdade perturbadora.

#7

No curta metragem A Menina Só, a diretora Cíntia Domit Bittar emerge o espectador em uma atmosfera avermelhada, que tensiona o ambiente no qual a história passa. Uma menina, volta da escola e se depara com seu pai saindo da garagem/depósito. Após uma troca de olhares, os dois adentram a sua casa e jantam. A mãe não se encontra e,  segundo o pai ao ser questionado, voltará mais tarde. Com poucos diálogos, o curta estabelece o clima de tensão na casa e entre essas duas personagens a medida que o distanciamento entre eles é afirmado.

a menina só cíntia domit bittar

Seu contato com o pai é mínimo. O silencio entre eles, quando juntos, reforçado pela troca de olhares nos quais o desconforto e a falta de empatia é perceptível. A menina é, como no título do curta, literalmente só. Ela se basta e aquele homem é como uma sombra, espreitando seus movimentos. Além desses dois personagens, podemos considerar a casa, na qual a trama é desenvolvida como uma coadjuvante. Ela é o invólucro da relação de solidão da menina, acompanhada na maior parte do tempo do cachorro azeitona.

Visualmente, o curta todo é imerso em um filtro vermelho que, mantém a tensão proposta pela diretora. Ele representa o sangue que não aparece, mas está subentendido a medida que a narrativa é desdobrada.

a menina só cíntia domit bittar

Esse curta é o segundo trabalho de Cíntia Domit que assisto e, assim como o primeiro, se passa em uma residência. Percebo que, mais uma vez, esta trabalha com situações de tensão, desconfiança e desconforto em um local que deveria ser um espaço de tranquilidade. Em “Qual Queijo Você Quer?”, a discussão entre um casal, em seu lar solidificado há anos, expressa as dificuldades com o envelhecimento. Em “A Menina Só”, a porta da garagem fechada “reverbera” que há algo de suspeito naquele ambiente, que as relações de confiança são inexistentes.

Em poucos minutos somos cobertos pela tensão, criada passo-a-passo por elementos como caminhar em uma estrada sozinha, diálogos mudos, um cão que late incansavelmente, um treino de tiro e, não podemos esquecer, o vermelho que mancha a nossa visão.

Um curta de suspense/horror que provoca tensão com o mínimo.

Nota:4/5

Imagens retiradas do site oficial da Novelo Filmes

Assista aqui ao trailer teaser:

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

4 comentários sobre “Crítica “A Menina Só” – #52FilmsByWomen

  • Nossa que forte, acho que a relação pai e filha mostrada nesse curta é, infelizmente, a realidade de muitas pessoas nos dias de hoje. A tensão familiar é bem triste e creio que com esse vermelho na tela tudo fica mais intenso

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    • Esse curta é de uma tensão única.

      A relação da garota com o pai é muito frágil e parece se desmontar a medida que os minutos passam.

      O vermelho é realmente uma afirmação dessa tensão e dessa violência que fica subentendida.

      Resposta
  • O recurso usado que mais chama atenção nesse filme definitivamente é a cor vermelha na imagem. Algo diferente e que chega a causar um certo desconforto até. O enredo parece trazer a tenção necessária que o gênero pede e deve prender o telespectador mais atento.

    Resposta

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