Resenha: A Luneta Âmbar – Philip Pullman
Páginas: 504
Acabamento: Brochura
Lançamento: 2017
ISBN: 9788556510457
Selo: Suma de Letras
Em todos os universos, forças se reúnem para tomar um lado na audaciosa rebelião de lorde Asriel contra a Autoridade. Cada soldado tem um papel a desempenhar – e um sacrifício a fazer. Feiticeiras, anjos, espiões, assassinos e mentirosos: ninguém sairá ileso. Lyra e Will têm a tarefa mais perigosa de todas. Com a ajuda de Iorek Byrnison, o urso de armadura, e de dois minúsculos espiões galivespianos, eles devem alcançar um mundo de sombras, onde nenhuma alma viva jamais pisou e de onde não há saída. Enquanto a guerra é travada e o Pó desaparece nos céus, o destino dos vivos – e dos mortos – recai sobre os ombros dos dois. Will e Lyra precisam fazer uma escolha simples, e a mais difícil de todas, com consequências brutais. A luneta âmbar é o último livro da trilogia Fronteiras do Universo, que teve início com A bússola de ouro e A faca sutil. Uma conclusão emocionante, que leva o leitor a novos e fantásticos universos.
O volume final da trilogia Fronteiras do Universo traz momentos que considero realmente sublimes, como, por exemplo, a descrição da relação de amor entre os anjos Balthamos e Baruch; as descobertas da dra. Mary Malone junto aos mulefas, seres conscientes que parecem andar sobre rodas; o encontro de Lyra e Will com as harpias; e vários outros (incluindo – apesar de tudo – o final). Por outro lado, há tramas paralelas demais e uma grande quantidade de personagens à espera de um desfecho, o que pode tornar a leitura um pouco arrastada para alguns.
Mais que destronar a Autoridade, o que lorde Asriel e sua frente de batalha desejam é impedir que seja instaurada uma Inquisição permanente por um poderoso anjo. Toda a trilogia é claramente baseada em “Paraíso Perdido”, de John Milton, mas é neste volume final que essa influência se derrama sobre cada página. Há metáforas e alusões a todo momento, em especial ao pecado original, ao livre-arbítrio, à tentação da serpente, ao fim da inocência e à rebelião contra os céus.
Há livros que marcam a nossa juventude e não conseguem evocar sensações semelhantes quando lidos novamente anos depois, mas não é o caso d’A Luneta Âmbar. Fiquei tão imerso na narrativa de Pullman quando estive durante o ensino médio, mas, ao mesmo tempo, também estive mais consciente dos defeitos da narrativa. Os capítulos que mostram o dia a dia da dra. Malone não mantêm o ritmo daqueles que envolvem outros núcleos, por exemplo, e eu francamente não esperaria que os seres que aparecem em determinado ponto da história pudessem ser tão facilmente subjugados. Mas os bons momentos superam tanto esses trechos de menor inspiração que eu acabo fazendo as devidas concessões.
Em suma, “A Luneta Âmbar” não é uma unanimidade. Para mim, não importa: o livro é, e sempre será, um dos meus favoritos de todos os tempos. Talvez ele não tenha ficado à altura das altas expectativas geradas pela primeira parte da trilogia, mas há muita riqueza poética e simbólica para quem tiver disposição para ver como tudo se conclui.