Resenhas

Livro: A Bússola de Ouro

A Bússola de Ouro (Northern Lights)
Tradução: Eliana Sabino
Páginas: 344
Lançamento: 08/2017
Selo: Suma de Letras
Lyra Belacqua e seu daemon, Pantalaimon, vivem felizes e soltos entre os catedráticos da Faculdade Jordan, em Oxford. Até que rumores invadem a cidade — boatos sobre sequestradores de crianças, os Papões, que estão espalhando o medo pelo país.
Quando seu melhor amigo, Roger, desaparece, Lyra entra em uma perigosa jornada para reencontrá-lo. O que ela não desconfia é que muitas outras forças influenciam seu destino e que sua aventura a levará às terras congeladas do norte, onde feiticeiras e ursos de armadura se preparam para uma guerra.
Embora tenha a ajuda do aletiômetro — um poderoso instrumento que responde a qualquer pergunta —, nada a prepara para os mistérios e a crueldade que encontra durante a viagem. E, mesmo que ainda não saiba, Lyra tem uma profecia a cumprir, e as consequências afetarão muitos mundos além do dela.

Mesclando fantasia e aspectos da realidade, Philips Pullman inicia a série de livros “Fronteiras do Universo”, com o volume “A Bússola de Ouro”, sobre a vida de Lyra Belaqua, apresentando ao leitor as mudanças que acontecem no mundo naquele momento. Criada na universidade de Jordan, a menina Lyra pode ser considerada uma “pestinha”, pois não acata as ordens e age como um garoto plebeu. Órfã, ela foi colocada na instituição pelo seu tio, Lord Asriel, para adquirir conhecimentos e ser criada pelos funcionários dali, já que ele é um homem muito ocupado.

Porém, em uma noite, Lyra decide espionar uma reunião dos catedráticos da universidades e se depara com um plano para matar seu tio. Ela consegue interceder e evitar a tragédia, mas se depara com segredos políticos que são apenas o início de sua jornada pela verdade. Além disso, começa a acontecer na cidade o desaparecimento de crianças, incluindo um de seus amigos, Roger. Esses sequestros estão vinculados a tentativa de assassinato de seu tio, a uma mulher misteriosa, Sra. Coulter, aos gípcios – grupo de vendedores nômades dos rios, como os ciganos – e, a uma viagem para o norte.

Partindo desse emaranhado de situações, o livro apresenta uma crítica a religião e a política, explanando que a união dos dois meios são comuns na busca pelo poder. As personagens do livro, especificamente os que detém posses – sejam dinheiro ou cargos – se preocupam apenas com a sua necessidade. A manutenção do que lhes torna importante é primordial e para isso eles são capazes de matar, mutilar e torturar. Outro elemento que me chamou a atenção é a maneira como as pessoas, população em geral, é desinformada do que acontece. Com exceção dos grupos marginais, que optam pela tradição do conhecimento pela oralidade e prezam pelo distanciamento dia grupos fixos em cidades, o restante crê no que é dito a eles e compram aquilo como única verdade. Isso facilita com que seus direitos sejam violados, além de transformá-los em “massa de manobra”.

Todas as personagens do livro possuem daemons, que são  entidades físicas, em forma de animais, que acompanham um humano. As mulheres tem daemons  masculinos e os homens femininos. Além de ser seu protetor e conselheiro – uma espécie de consciência -, é também um reflexo da pessoas. De um daemon sentir dor, seu humano também a sente e, em caso de óbito, o animal desaparece de sua forma física, diluindo no ar como poeira. Eles podem se transmutar em animais distintos de acordo com a necessidade. Porém com o passar dos anos e o amadurecimento de seu dono, essa capacidade se encerra e o animal toma uma forma definitiva, relacionada a quem seu dono é.

O livro é impresso e papel pólen soft ( meu preferido) com mancha que possibilita uma leitura agradável. Essa nova edição possui a capa em um tom de azul médio, com detalhes em azul metálico representando a bússola de ouro (aletiômetro) e dos daemons que aparecem no decorrer da trama. De fácil manuseio, pude deslocar com ele para vários lugares sem me preocupar com seu peso ou tamanho.

O primeiro livro da série se encerra de maneira a comentar a curiosidade de quem lê para entender como se desenvolverá esse jogo de poderes. A cada trecho lido, a certeza de que Lyra está sendo ajudada pelo lado certo se torna impossível de afirmar. Aliás, não podemos sequer saber se ela é o lado certo.

Nota: 4/5

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, eterna estudante. Feita de mau humor, memes e pelos de gatos, ama zumbis, filmes do Tarantino e bacon. Devota da santíssima Trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch, sempre é corrompida por qualquer filme trash ou do Nicolas Cage.

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