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Crítica do Filme “Assassinato no Expresso Oriente”

Assassinato no Expresso do Oriente : Poster

O detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh) embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, graças à amizade que possui com Bouc (Tom Bateman), que coordena a viagem. Já a bordo, ele conhece os demais passageiros e resiste à insistente aproximação de Edward Ratchett (Johnny Depp), que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular. Na noite seguinte, Ratchett é morto em seu vagão. Com a viagem momentaneamente interrompida devido a uma nevasca que fez com que o trem descarrilhasse, Bouc convence Poirot para que use suas habilidades dedutivas de forma a desvendar o crime cometido

 

Assassinato no Expresso do Oriente : Foto Daisy Ridley, Leslie Odom Jr., Manuel Garcia-Rulfo

 

Assassinato no Expresso Oriente é um filme dirigido e estrelado por Kenneth Branagh, que deixou crescer o bigode, a arrogância e a presença de palco como o detetive belga Hercule Poirot, o maior personagem da rainha do mistério policial, Agatha Christie.

A Sra. Christie despensa apresentações, mas se eu as tiver que fazer, compararia o fenômeno desta escritora com The Beatles.  Os dois são britânicos, e representam fenômenos mundiais em suas respectivas artes, revolucionaram o gênero que representam a ponto de serem atemporais, conquistarem admiradores em todas décadas, épocas e se mantêm no topo independentemente do que está na moda naquele momento. Além disso, seus trabalhos sempre são adaptados para outras fontes e outros artistas, e no caso em questão, o livro de Agatha Christe que originou este filme é um dos trabalhos mais adaptados da autora.

 

Assassinato no Expresso do Oriente : Foto Daisy Ridley

 

Meu primeiro contato com a obra foi pelo filme de Sidney Lumet de 1974, que trouxe Albert Finney como o Detetive Poirot, abocanhou diversas indicações para o Oscar e deu a Ingrid Bergman sua terceira estatueta de atuação. Após isso, houve uma aptação para a TV, no formato de série, em 2001, mas não tive oportunidade de assistir. Agora em 2017, Branagh tenta novamente trazer as adaptações de Christie para as telas, uma clara tentativa de iniciar uma franquia com a massa cinzenta de Poirot a frente.

Independente dos pontos fortes do filme e seus defeitos, o que importa para a continuidade de adaptações cinematográficas é a bilheteria e o retorno financeiro dos filmes. Assassinato no Expresso Oriente nesse cenário é a escolha perfeita para iniciar os trabalhos: Já é conhecida, tem o selo Agatha Christie de Qualidade, o elenco é estrelado e competente, e o visual dos teasers e trailers deixa aquela água na boca. Tanto é que o estúdio já anunciou a sequência, devido ao sucesso na bilheteria mundial.

 

Assassinato no Expresso do Oriente : Foto Kenneth Branagh

 

Assistir este filme foi uma ótima experiência de lembrar e celebrar o trabalho de Agatha Christe, que leio com fervor em aviões, aeroportos e viagens afora, desde que tenho meus 12 anos. Devo a ela minha paixão pelo gênero, e sem sombra de dúvidas Poirot é seu melhor personagem. Por isso, fiquei um pouco decepcionada com como ele foi retratado no filme. Ele não era mais um detetive reconhecido, bom de trabalho e contido em sua apresentação, embora repleto de manias e maneiras. Nas mãos de Branagh, Poirot virou violentamente arrogante, agressivo e superior, que por muitas vezes causa completa antipatia do público. Esperava uma veia mais cômica ao personagem (e isso é muito mais profundo do que pequenas gargalhadas ao ler Dickens), e posso dizer que a única parte levemente descontraída no filme inteiro foi o protetor de bigode noturno que o detetive usa.

 

Assassinato no Expresso do Oriente : Foto Johnny Depp

 

Outro ponto que merece atenção e melhoras no filme é o desenvolvimento da história. O roteiro e o desenvolvimento da história é monótono, e o clímax não tem a emoção que o gênero merece, ou até mesmo que qualquer história bem contada deve ter. Se não fosse pelo excelente trabalho dos atores (especialmente Michelle Pfeifer, sem medo de errar, e Daisy Ridley, que rouba a cena), seria um filme incrivelmente tedioso e insuportável de ser. Foi a atuação que fez a história ser possível de ser contada, mas eles só podem ir até um limite.

 

Assassinato no Expresso do Oriente : Vignette (magazine) Daisy Ridley, Derek Jacobi, Johnny Depp, Josh Gad, Judi Dench

 

Apesar disso, Assassinato no Expresso Oriente é um filme que eu indico ver, e que no final das contas vale a pena. Além de relembrar o que há de melhor nas histórias elaboradas e bem concluídas de Christie, o filme tem qualidades fáceis de se destacar e apreciar. É o caso da Direção de Arte, produção de sets e cenários, figurino e trabalho de maquiagem. Ou seja, o departamento artístico do filme é a grande estrela, e merece todo louvor. Visualmente é perfeito, dá gosto de ver, e brilha. E pode ter certeza que vou querer ver mais vezes.

Dito isso, mal posso esperar para que Poirot marque presença em todos anos futuros, e que traga junto outros personagens do mistério policial. Sim, estou olhando para você, Miss Marple!

 

 

Renata Avila

Renata Ávila, formada em direito, é apaixonada por livros de diversos temas, sem nunca esquecer dos romances que são os mais desejados. Adora um bom filme e uma boa musica. Gosta de conversar sobre livros, mas surta se falarem mal de Twilight, por ser sua primeira paixão literária e a série que a transformou em uma leitora voraz.

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